O globo, n.31453, 18/09/2019. País, p. 06

 

PSL tenta reagir a campo minado de CPMI

Naira Trindade 

Amanda Almeida 

18/09/2019

 

 

Temeroso com o desenrolar da CPI das Fake News, o governo se armou para blindar o presidente Jair Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ). Agora, o grupo conta com um novo integrante do PSL e da família, que já era representada pelo senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ): Eduardo Bolsonaro (SP).

Eduardo se tornou o oitavo parlamentar do PSL no colegiado. O partido de Bolsonaro é, agora, o maior da CPI. PT e MDB estão em segundo lugar, com sete integrantes. A força do partido do presidente na comissão, porém, é relativa, porque a composição é de 32 titulares e 32 suplentes.

O filho do presidente entrou em uma vaga de suplente do PSL, no lugar do deputado Coronel Tadeu (SP). O PSL, no entanto, não perdeu Tadeu. Em um arranjo, o PSD cedeu sua vaga de suplente na comissão ao PSL e o deputado passou a ocupá-la.

A preocupação dos governistas com os caminhos da CPI tem sido mostrada nas reuniões. Na última, a deputada Caroline de Toni (PSLSC) acusou os colegas de perseguição:

—Está muito claro o objetivo disso aqui. É um tribunal de exceção para julgar o nosso presidente, para julgar a sua campanha, para propagar fake news. Tem gente que diz que ele nem recebeu facada. Tem gente que acredita que isso é fake news. Em que mundo a gente vive?

Um dos objetivos da comissão é investigar o impulsionamento de mensagens mentirosas nas eleições de 2018. Para governistas, o único alvo, nesse caso, é Bolsonaro.

Na última reunião, os integrantes do PSL, liderados por Flávio Bolsonaro tentaram sem sucesso evitar a convocação de representantes de empresas de redes sociais, como WhatsApp, Telegram, Instagram e outros, no Brasil para prestar depoimento no colegiado.

Ontem, depois de quase duas horas de embate entre oposição e governistas, a sessão da CPI terminou sem a votação de nenhum item de sua pauta. Numa repetição do clima das reuniões anteriores, a base liderada por parlamentares do PSL obstruiu o trabalho da comissão. A pauta incluía a votação do plano de trabalho da relatora, deputada Lídice da Mata (PSB-BA).