Título: Sem luz nem combustível
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Fonte: Correio Braziliense, 02/11/2012, Mundo, p. 17

Dois dias após a passagem da supertempestade Sandy pela Costa Leste dos Estados Unidos, os norte-americanos ainda encontram dificuldades para retomar suas rotinas. Os maiores desafios estão na falta de energia, de água limpa e de combustíveis nas regiões mais atingidas. Sem ter como abastecer os veículos, empresas de táxis e de aluguel de carros começaram a interromper os serviços. A escassez também afeta residências e empresas que precisam de diesel ou gasolina para o funcionamento de aquecedores e geradores.

Segundo a designer de interiores Luciana Konomos, 40 anos, moradora de Manhattan (Nova York), a situação é crítica em diversas áreas. "Hoje, por exemplo, está muito frio, fazendo 7ºC. Então, as pessoas têm que procurar lugares para ficar, pois não há como permanecer em casa à noite", contou ao Correio. Luciana, que mora na cidade há 16 anos, acrescentou que amigos da região de Nova Jersey ainda estão praticamente incomunicáveis e com deficiência no abastecimento de água. Nesse estado, segundo a empresa energética PSE&G, 780 mil casas e estabelecimentos comerciais ainda estavam sem energia elétrica ontem. O número representa 35% dos lares abastecidos pela companhia na região. Já a fornecedora de energia de Nova York, Cons Edison Inc, informou que boa parte da cidade e do condado de Westchester só terá energia a partir de 10 ou 11 de novembro.

Associações varejistas de gasolina disseram que mais de 50% dos estabelecimentos em Nova York e Nova Jersey estavam fechados por falta de produto para vender. As duas refinarias fornecedoras de um quarto da capacidade de diesel e gasolina da região ainda estão com problemas de energia ou com inundações. A hidrovia New York Harbor, que importa 1/5 do combustível, está fechada para o tráfego, e terminais de importação importantes estão danificados. "Está afetando todo mundo. Nossos motoristas têm que sair para tentar encontrar gasolina", afirmou à agência Reuters Joue Balulo, sócio da Fone-A-Car, de aluguel de veículos.

Transporte público

O metrô voltou a funcionar ontem, ainda que parcialmente. Das 23 linhas da rede, 14 foram reativadas, mas a parte baixa de Manhattan continuava sem o serviço. "Pontes e túneis estão fechados. Ontem estava o caos, mas hoje a situação voltou a melhorar com um pouco mais de opções de transporte público. É impressionante como as pessoas tentam fazer as coisas voltarem a funcionar por aqui, mesmo que pela metade", disse Luciana Konomos.

O prefeito Michael Bloomberg determinou a restrição de carros com menos de três passageiros em Manhattan para evitar engarrafamentos. Cerca de 10 mil integrantes da Guarda Nacional foram mobilizados para ajudar nos resgates e na remoção dos destroços. O registro de mortos em Nova York aumentou para 37. Somados os números do restante do país e do Caribe, o saldo de vítimas de Sandy chega a 154.