Título: Divergências intermináveis
Autor: Colares, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 19/11/2012, Política, p. 5

Debate sobre a divisão dos recursos do pré-sal extrapola a tradicional batalha entre governo e oposição. Até mesmo os integrantes do PT, partido da presidente Dilma Rousseff, não se entendem em relação ao tema

Quando se fala em partilha dos royalties do petróleo, não há consenso. Nem dentro do Partido dos Trabalhadores, onde vozes importantes nessa discussão sustentam discursos antagônicos. O debate em relação à redistribuição das riquezas gira em torno dos interesses dos estados, não das diferenças entre governo e oposição, dizem parlamentares de legendas distintas. Ainda assim, na hora de apreciar o projeto na Câmara dos Deputados, a sigla tentou deixar o discurso de federação de lado para votar em consonância com o que defende o governo federal — conseguiu apoio de 62 dos 67 deputados petistas presentes. O que não significa, no entanto, que as divergências tenham deixado de existir.

Ao contrário, elas persistem e ainda podem criar problemas para a presidente Dilma Rousseff. Enquanto o Brasil espera a chefe do Executivo definir se sanciona a proposição do jeito que está, se veta algum ponto ou o texto de forma integral, o Correio mostra, em duas entrevistas, visões opostas dentro de um mesmo PT.

O senador Wellington Dias (PT-PI) foi o autor da proposição aprovada no Senado, a contragosto do partido e do governo federal, que tenta evitar que o impasse tenha que ser decidido no Supremo. Dias, que chegou a se posicionar favoravelmente ao substitutivo do deputado Carlos Zarattini (mais próximo do que pretendia a presidente Dilma), fala que não houve um entendimento naquele instante e que, agora, é favorável à derrubada do veto, caso essa seja a decisão da presidente.

Lindbergh Farias (PT-RJ) defende os interesses econômicos de seu estado. O parlamentar fluminense diz que o projeto é cheio de falhas e equívocos e aposta em vetos nos trechos que mexem com os contratos já licitados. Segundo ele, a proposta aprovada pelo Congresso promove perdas de receitas para o Rio na ordem de R$ 4,6 bilhões, já no próximo ano.