O globo, n.31447, 12/09/2019. País, p. 08

 

Bolsonaro tem alimentação oral suspensa e recebe sonda 

Dimitrius Dantas

Carolina Freitas

12/09/2019

 

 

Após três dias de melhora contínua no estado de saúde, o presidente Jair Bolsonaro apresentou, durante a madrugada de ontem, um quadro de “lentificação intestinal” e distensão abdominal, o que levou seus médicos a decidirem pela suspensão da alimentação oral e a introdução, no tratamento, da nutrição por via venosa, segundo boletim médico do Hospital Vila Nova Star, em São Paulo.

A distensão abdominal é uma reação do intestino causada pela ingestão de ar. Tanto o estômago quanto o intestino do presidente incharam, dificultando a possibilidade de evacuação. Para tratar isso, os médicos usaram a sonda, que retira o ar ingerido pelo presidente, além de possíveis secreções. Ele apresentou quadro semelhante em duas das outras três cirurgias às quais foi submetido, em setembro do ano passado e em janeiro deste ano. Esse tipo de reação é considerado comum pelos médicos.

Em razão dos problemas intestinais, os médicos também decidiram submeter o presidente à passagem de uma sonda nasogástrica, um tubo que vai do nariz até o estômago — serve para drenagem ou nutrição. Seus exames, contudo, continuam estáveis.

Segundo o boletim, Bolsonaro permanece “sem dor, afebril e sem disfunções orgânicas”. Os médicos afirmam que o quadro do presidente é considerado comum e não representa piora em seu estado clínico.

O presidente ainda não tem previsão de alta. Mesmo se estiver internado, Bolsonaro deverá assumir de volta o cargo de presidente, ocupado hoje pelo vice, Hamilton Mourão, na próxima sextafeira. Além da mulher, Michele, o filho Carlos também acompanha a recuperação de Bolsonaro no hospital.

DUAS CAMINHADAS

O presidente, que chegou a reclamar da sonda, caminhou duas vezes ontem, pela manhã e à tarde, por cerca de 900 metros, segundo relatos de assessores. De acordo com a assessoria de imprensa da Presidência da República, apesar de falar do desconforto, Bolsonaro afirmou não sentir dor. Ele tem dedicado as horas internado para repousar. O presidente também tem procurado evitar falar.

De acordo com o boletim médico, a reintrodução da alimentação por via oral em Bolsonaro será avaliada diariamente e “ocorrerá no momento oportuno”. A nutrição endovenosa, diretamente na veia, é uma diferença em relação à evolução do presidente nos últimos dias. Até a última terça-feira, o presidente estava se alimentando com uma dieta líquida, à base de água, chá, gelatina e caldo ralo. A expectativa era que nos próximos dias o presidente começasse a comer alimentos pastosos.

Carlos Bolsonaro, que tirou licença sem remuneração da Câmara Municipal do Rio, escreveu ontem em sua conta no Twitter que o presidente voltará “em breve” para casa, na capital fluminense: “Hoje, é um grande dia! Boas notícias! Em breve volto para casa!”, publicou o vereador, sem detalhar quais seriam as “boas notícias”.