Correio braziliense, n.20565 ,12/09/2019. Economia, p.7

 

Brics:banco aprova pouco

Cláudia Dianni

12/09/2019

 

 

O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), ou Banco do Brics, desembolsou apenas 7,7%  da carteira de US$ 10,2 bilhões em empréstimos aprovados para 38 projetos, entre 2016 e julho de 2019. O valor equivale a US$ 621 milhões. O ritmo é considerado lento, e as razões para o fraco desempenho variam da clássica falta de projetos, a dificuldades no cumprimento de condicionantes. Além do Brasil, integram o arranjo econômico também a Rússia, a China, a Índia e África do Sul.

“O valor é muito baixo, comparado à projeção feita em 2016, de desembolso de 31%, considerando o cenário mais conservador”, disse Luciana Acioly, economista do Ipea. A participação do Brasil na carteira dos empréstimos aprovados é de apenas 6%, a menor entre os demais países-membros do Brics. A China teve a maior participação relativa, 38%; a Índia, 28% e a Rússia e a Índia, 14%. Os projetos, para os quais já houve desembolso, se referem, principalmente, a energia e transporte.

Segundo Luciana, o desempenho pode estar associado à fragilidade fiscal. De acordo com ela, Pernambuco e Ceará tiveram projetos aprovados, mas o Maranhão esbarrou no aval do Tesouro Nacional para a liberação dos recursos, já que teve a classificação de risco reduzida para C, e a aprovação só é dada para estados classificados como A e B.

“Os países em desenvolvimento vão precisar de US$ 2 trilhões para financiar apenas infraestrutura. Por isso, o NDB precisa encontrar uma forma de cooperar de forma multilateral. Se tivermos uma estrutura internacional de cooperação, isso vai fomentar grandes projetos”, disse o professor Kanyane, do Conselho de Pesquisa em Ciências Humanas da África do Sul.