Título: Festa após a posse
Autor: Abreu, Diego ; Colares, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 23/11/2012, Política, p. 4

Em comemoração patrocinada por três entidades de magistrados, Joaquim Barbosa é tietado por convidados. Antes da cerimônia no STF, ele passou a manhã com a família

Três horas depois de encerrada a solenidade de posse, o novo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, recebeu os cumprimentos em uma festa realizada no Setor de Clubes Sul. Ele chegou ao salão pouco antes das 21h, aplaudido pelos convidados, que lotaram o espaço — foram distribuídos mais de 2 mil convites. Barbosa cumprimentou formalmente o recém-empossado vice-presidente do STF, Ricardo Lewandowski, e ambos conversaram brevemente, de forma descontraída.

Muito assediado pelos convidados, Barbosa não ficou parado. Ele fez questão de circular pela festa, mas sempre acompanhado de seguranças, uma vez que todos tentavam se aproximar para tirar fotos. Ainda assim, o ministro foi atencioso com quem o procurava e chegou a distribuir autógrafos.

Por volta das 21h40, o presidente do STF chegou à mesa na qual estava a família e sentou-se por alguns instantes próximo à mãe, Benedita Gomes, mas ficou pouco tempo devido ao assédio dos convidados. O ministro abraçou amigos e, por volta das 22h, deixou o salão para se refrescar na área externa, pois estava com muito calor.

Na festa, ele conversou com autoridades — como o novo ministro da Corte Teori Zavascki, que será empossado na próxima quinta-feira —, familiares e artistas, que também acompanharam a cerimônia de posse.

Uma cena inusitada ocorreu pouco antes da meia-noite: o ministro Luiz Fux subiu no palco, tocou guitarra e cantou Um dia de domingo, de Sullivan e Massadas.

A comemoração custou cerca de R$ 120 mil. No bufê, havia massas, risotos e caldos, além de canapés variados. Entre as bebidas, foram servidos uísque 12 anos e espumante. A festa foi patrocinada por três entidades: a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) e a Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).

Discrição Câmeras e flashes, só na cerimônia de posse. Antes, discrição absoluta. Ontem, Joaquim Barbosa só saiu de casa às 14h14. Sem paletó, seguiu para o STF de camisa branca, no banco ao lado do motorista, acompanhado por familiares. Passou a manhã e o início da tarde no apartamento onde mora, na Asa Sul. No hall do edifício, pairava a lei do silêncio. Seis motoristas e seguranças armados esperavam ordens à frente do elevador, onde controlavam a entrada e a saída de visitantes. Não davam informação e diziam que sequer tinham autorização para abordar o ministro com pedidos de entrevista. Porteiros e zeladores seguiam a mesma linha. Era proibido interfonar para o apartamento do ministro sem a autorização dos seguranças — o que só ocorria se a pessoa já estivesse sendo aguardada.

Enquanto esperava a hora de ir ao Supremo, Joaquim Barbosa recebeu amigos e familiares, incluindo o filho, que mora no Rio de Janeiro. Poucas informações foram divulgadas por quem passou por lá, mas quem quebrou o silêncio garantiu: a poucas horas da posse, o ministro estava muito feliz. Uma das visitas afirmou ao Correio que, ao cumprimentar o novo presidente do STF, falou: “O Brasil está radiante”. Ele respondeu: “Eu também”.

Sem querer se identificar, alguns vizinhos disseram o que pensam do ilustre morador do quinto andar. Uma senhora contou que Joaquim Barbosa foi afável nas poucas vezes que a encontrou na área comum do prédio. E disse que é uma honra tê-lo como vizinho. Outro morador do prédio foi além nos elogios: “Ele é sempre gentil, segura a porta do elevador para que outras pessoas entrem e tem uma boa convivência conosco”, disse, rapidamente, enquanto entrava no elevador.

No mesmo bloco do novo presidente do STF mora também a ministra Rosa Weber e o ministro aposentado Nelson Jobim. Não à toa, pelo menos dois seguranças armados da Suprema Corte se revezam durante 24 horas no edifício. Ontem, a vigilância foi maior por causa da cerimônia de posse.