Título: Bom de bola e pé de valsa
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 23/11/2012, Política, p. 5
Joaquim Barbosa é hoje um popstar. Graças à atuação no julgamento do mensalão, o recém-empossado presidente do STF se tornou destaque nas redes sociais, como nas fotos em que é comparado ao super-herói Batman. Ele também faz sucesso no meio artístico. No fim de semana passado, por exemplo, a cantora Marisa Monte ligou para um amigo e pediu que convidasse Barbosa para o concerto realizado na capital federal. Mas nem sempre foi assim. Amigos próximos do cara “turrão e obstinado”, de origem humilde em Paracatu (MG) e que tornou-se doutor em Paris, se lembram de histórias curiosas do ministro, amante do samba clássico, da música erudita e das peladas, em que jogava como ponta-esquerda — dos bons, dizem.
Em 2003, Barbosa estava no Rio de Janeiro, passeando com uma amiga, a juíza Gláucia Foley, assistindo a um show de Paulo Moura em um bar da Lapa, bairro tradicional da boemia carioca. Também fascinada pela boa música — recentemente ela lançou um disco de choro —, Gláucia apresentou os músicos da banda para Barbosa. Ambos foram convidados a jantar com o grupo no restaurante Capela, o mais antigo do bairro.
Lá chegando, Barbosa foi abordado por um dos integrantes da banda, chamado Carlinhos Sete Cordas. “Eu te conheço de algum canto…” Meio constrangido, tentando ser gentil, Barbosa respondeu: “Será que não é da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro)? Eu estudei lá”. Carlinhos disse: “Pode ser”.
Quando Barbosa levantou-se para ir ao toalete, Carlinhos questionou Gláucia: “Esse cara não me convenceu. Não foi na UERJ que eu o conheci”. A juíza federal tentou ajudar, mas complicou a situação. Disse que, provavelmente, era da televisão, pois Barbosa recentemente havia sido empossado como ministro do STF. “Ele quase morreu de vergonha por ter tratado um ministro com tanta intimidade”, diverte-se Gláucia.
Dança Os amigos do novo presidente do STF testemunham a fidelidade que Joaquim Barbosa tem ao próprio passado. Bom de bola, ponta-esquerda do time da Gráfica do Senado e torcedor do São Paulo, o ministro teve que abandonar o futebol por conta das excruciantes dores no quadril, que o impedem também de dançar, outra de suas paixões. “Ele não é um exímio pé de valsa, mas gosta de arriscar os passos”, diz outra amiga, que preferiu não se identificar. “Se descobrir que eu contei essas coisas, vai me barrar na festa da posse”, brincou. (PTL)