Título: Reflexo do mensalão
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 23/11/2012, Política, p. 5
Poucos petistas compareceram à posse de Joaquim Barbosa como novo presidente do Supremo Tribunal Federal. Além da presidente Dilma Rousseff e do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), estiveram na solenidade o ex-deputado Sigmaringa Seixas (DF), as ministras Miriam Belchior (Planejamento) e Luiza Bairros (Igualdade Racial), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e o senador Paulo Paim (PT-RS). Convidado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não compareceu.
A ausência de muitos petistas — nenhuma liderança do partido no Congresso compareceu — reflete a aversão que Barbosa provoca no partido com o julgamento do mensalão. Nos últimos dois dias, enquanto o ministro preparava a festa da posse, o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu, condenado a 10 anos e 10 meses de prisão, circulava por Brasília em almoços de desagravo com correligionários e em reuniões de apoio organizadas com representantes estudantis.
Um dos poucos simpatizantes ao PT que compareceu à solenidade, o ex-ministro da Justiça e advogado Márcio Thomaz Bastos — que teve um cliente condenado no mensalão — elogiou o pronunciamento do novo presidente do Supremo. “Foi um discurso de estadista, republicano, ressaltando os mais altos valores da República”.
Thomaz Bastos ressaltou, principalmente, a inflexão dada pelo ministro rumo à igualdade social e reforçou o papel de destaque que Barbosa terá daqui para frente. “Poucas pessoas lembram, mas, além de presidir o Supremo, Barbosa também presidirá o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). É o CNJ que tem o poder de alavancar o Judiciário brasileiro”, destacou.