Título: PT e PSDB em conflito
Autor: Valadares, João
Fonte: Correio Braziliense, 24/11/2012, Política, p. 4

O relatório final da CPI do Cachoeira, que pediu o indiciamento de 46 pessoas, entre elas o governador de Goiás, Marconi Perillo (PDDB), motivou uma troca de notas oficiais entre PT e PSDB. Um dia depois de Perillo publicar um comunicado afirmando que o indiciamento era uma "vingança contra os denunciantes do mensalão", o líder do PT na Câmara, deputado Jilmar Tatto, foi escalado pelo partido para rebater o tucano. Também por meio de nota, Tatto saiu em defesa da CPI e disse que "o trabalho sério da relatoria mostrou para todo o Brasil e, principalmente, para a sociedade goiana, que, além do próprio governador, vários secretários, procuradores de Estado e auxiliares diretos do governo de Goiás também haviam aderido à organização criminosa em troca de vantagens financeiras diversas".

O petista também defendeu o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). "Diferentemente do que afirma o chefe do Executivo goiano, trata-se de um relatório sereno, coerente e contundente na demonstração de que o governador e a alta cúpula de seu governo estavam à mercê dos desígnios de uma organização criminosa incrustada no estado de Goiás." No trecho mais duro do comunicado, o líder do PT na Câmara diz que Perillo deve explicações porque o seu governo foi "conduzido efetivamente pelo chefe de uma das maiores organizações criminosas já estruturadas no país".

Para o relator, Perillo cometeu sete crimes, exatamente a mesma quantidade atribuída a Carlinhos Cachoeira, considerado o chefe da organização criminosa. O relator sugeriu o enquadramento de Perillo pelos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa, advocacia administrativa, tráfico de influência, falso testemunho, lavagem de dinheiro e, ainda, a penas previstas na Lei de Licitações. Perillo alegou que há uma perseguição política por ele ser de um partido adversário e declarou que espera o julgamento do Supremo Tribunal de Federal (STF).

"Vi elementos contundentes para pedir o indiciamento do governador. Ele recebia recursos da quadrilha", acusou Odair Cunha. O texto original atesta que havia um repasse de dinheiro vivo do grupo criminoso para Perillo. O governador de Goiás informou que vai processar o relator da CPI por calúnia e difamação.