Título: Palácio do Planalto, das artes e do público
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 25/11/2012, Política, p. 10
Desde que assumiu a Presidência, Dilma promoveu três exposições, pelas quais já passaram 39 mil pessoas na sede do Poder Executivo
Os olhinhos bem abertos tentam apreender todas as cores, as imagens e as legendas sobre a vida do Rei do Baião. Com os ouvidos bem atentos, escutam os sons da sanfona e começam a conhecer as músicas de Luiz Gonzaga. O grupo de cerca de 20 estudantes do 5º ano do Centro de Ensino Fundamental 1 do Cruzeiro que visitou o Palácio do Planalto na última sexta-feira faz parte das 3 mil pessoas que já foram ao Palácio do Planalto apreciar a exposição O imaginário do rei — visões do universo de Luiz Gonzaga e das 39 mil que já passaram pelo edifício para apreciar as exposições promovidas no governo da presidente Dilma Rousseff. Apreciadora das artes, Dilma costuma abrir as portas do palácio e atrair a atenção dos brasilienses.
O público de Brasília não só tem comparecido, mas demonstra senso crítico. A farmacêutica Elisabete Oliveira, 67 anos, saiu maravilhada, mas queria ter visto mais obras do cantor. “A exposição acaba focando mais na vida do artista no Nordeste do que na do cantor. Acho que deviera ter mais peças que pertenceram a ele”, diz. Ainda assim, elogiou a iniciativa e reclamou da falta de eventos parecidos na cidade. “Brasília é um pouco carente, as mostram acabam ficando no Rio e em São Paulo.”
Desde que assumiu a Presidência, três exposições já passaram pelo local de trabalho de Dilma. A primeira delas, em 2011, foi Mulheres, artistas e brasileiras, realizada no Planalto a pedido da própria presidente. A mostra ocorreu em comemoração ao Dia da Mulher, e foi a que mais atraiu visitantes. Na lista de presença, até o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama que, de passagem no Brasil, foi levado para apreciar as obras por Dilma.
Para viabilizar a exposição, a própria presidente pediu o empréstimo da obra Abaporu, de Tarsila do Amaral, ao proprietário, o colecionador argentino Eduardo Costantini. Ele fez exigências para preservar o quadro comprado por US$ 1,5 milhão, como uma distância mínima de um metro do público e transporte feito por batedores e policiais, sempre à noite. Outro desejo de Dilma foi expor peças pertencentes a órgãos públicos, como Caixa Econômica e Banco do Brasil. A tela A Costureira, de Djanira foi retirada do gabinete da presidente para integrar o grupo de 80 pinturas da mostra.
Medusa A exposição Caravaggio também fez bastante sucesso entre os brasilienses, que enfrentaram horas de fila para ver as telas do pintor italiano. Duas das peças saíram pela primeira vez do país natal do artista. A mais cara e mais apreciada, Medusa Murtola, está avaliada em 55 milhões de euros e também exigiu uma série de cuidados. As janelas tiveram de ser vedadas, para a luz não danificar as pinturas. A temperatura também foi controlada o tempo todo, entre 19ºC e 21ºC; a umidade relativa do ar não podia ficar abaixo de 50% nem acima de 55%.
Ainda este ano, deve ocorrer uma mostra com quadros do músico Carlinhos Brown, que também se dedica às artes plásticas. Em 2013, está prevista a exposição do artista sergipano Bispo Rosário, que fez sucesso na Bienal de São Paulo este ano.
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Mulheres, artistas e brasileiras Entre 24 de março e 5 de maio, o Salão Oeste do palácio recebeu a mostra, concebida pela presidente Dilma Rousseff em homenagem ao Mês da Mulher. Foram reunidas obras de grandes artistas do século 20, e o destaque foi Abapuru, de Tarsila do Amaral. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também visitou a mostra, pela qual passaram 21 mil visitantes.
Caravaggio A maior exposição já montada na América Latina do artista italiano que revolucionou a arte levou seis obras ao Palácio do Planalto. Entre as quais, Medusa Murtola. Cerca de 15 mil visitantes passaram pelo Salão Leste, entre 5 e 14 de outubro passado.
O imaginário do rei — visões do universo de Luiz Gonzaga A mais recente mostra na sede do Executivo federal começou no último dia 6 e segue até 5 de dezembro, no andar térreo do Planalto. Nesse período, a público pode conferir esculturas, xilogravuras e até roupas relacionadas à vida e à obra do compositor popular e instrumentista Luiz Gonzaga, em homenagem aos 100 anos de nascimento do Rei do Baião. Até a sexta-feira, 3 mil pessoas haviam passado pelo local.