Título: Campanha eleitoral
Autor: Craveiro, Rodrigo
Fonte: Correio Braziliense, 24/11/2012, Mundo, p. 21

Com um cessar-fogo anunciado após oito dias da ofensiva israelense contra o Hamas na Faixa de Gaza, o foco das atenções no Estado judeu se volta agora para a campanha das eleições legislativas que definirão a composição da Knesset, o parlamento israelense e, em consequência, do novo governo do país. Amanhã, começam as eleições internas do Likud, partido de centro-direita do atual primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o que deve ser o primeiro de muitos acontecimentos que vão aquecer a disputa eleitoral antecipada para o próximo 22 de janeiro. A partir daí, não restarão mais dúvidas sobre os nomes escolhidos pelos centro-direitistas, cujo apoio tem sido reforçado pelo lobby dos colonos— contrários à criação do Estado palestino.

Ex-chanceler e ex-agente do Mossad, o serviço secreto israelense, Tzipi Livni pode protagonizar um capítulo à parte nestas eleições legislativas. Afastada da política desde o início do ano após a sua saída do Kadima— partido centrista que ajudou o ex-premiê Ariel Sharon a fundar em 2005 —, Livni anunciará a criação de nova legenda, também de centro, o Partido da Responsabilidade Nacional. A sigla deve atrair eleitores do Kadima e do Partido Trabalhista (centroesquerda), partidos que devem definir nos próximos dias seus candidatos ao pleito de janeiro.

Durante oito dias, o governo de Israel comandou uma operação militar denominada Pilar de Defesa, cujo início se deu após a eliminação do então chefe do braço armado do Hamas, Ahmed Jabari, na semana passada. Jerusalém havia ainda planejado uma ofensiva terrestre, cancelada após um cessar-fogo entre os dois lados, o que repercutiu de forma negativa na ala mais conservadora do Estado judeu. Uma pesquisa publicada pelo jornal Maariv mostrou que 49% dos israelenses queriam o prosseguimento da operação, o que torna ainda uma incógnita o verdadeiro impacto dos ataques à Faixa de Gaza. Para não deixar os votos do Likud escaparem, Netanyahu afirmou que entende a frustração de seus eleitores—por não ter continuado a ofensiva —, mas destacou o balanço da operação que, segundo ele, "atingiu todos os objetivos".

Apesar do mistério em relação ao novo partido de Livni, as últimas pesquisas indicam que a atual base governista deve conservar a posição dominante na Knesset, ainda que diminua um pouco o número de cadeiras. Juntos, os partidos Likud e Israel Beitenu (ultranacionalista), além de grupos religiosos ortodoxos e extrema direita possuem 70 cadeiras das 120 do Parlamento.

A coalizão entre o governista Likud e o Israel Beitenu, no entanto, segundo as pesquisas, deve passar de 43 cadeiras para 37. O Kadima, principal partido do Parlamento, provavelmente terá uma queda significativa: de 28 deputados, na atual legislatura, para apenas dois. Também na oposição, o Partido Trabalhista conseguiria 22 eleitos.