Correio braziliense, n. 20765 , 30/03/2020. Mundo, p.12

 

Mundo tem mais de 40% da população confinada

30/03/2020

 

 

Mais de 3,38 bilhões de pessoas em quase 80 países ou territórios estão confinadas em suas casas, por decreto ou voluntariamente, para lutar contra a Covid-19, segundo um balanço elaborado, ontem, a partir de uma base de dados da AFP. O número representa quase 43% da população mundial, que a Organização das Nações Unidas calcula em 7,79 bilhões de indivíduos em 2020.

A província chinesa de Hubei e sua capital, Wuhan, origem da epidemia, foram as primeiras a adotar o confinamento, no fim de janeiro. E enquanto essas áreas começam a retomar a vida normal de forma progressiva, após dois meses de isolamento, as mesmas medidas de quarentena aplicadas pela China foram adotadas ao redor do mundo nas últimas semanas.
Mais de 500 milhões de pessoas estavam afetadas por esse tipo de restrição em 18 de março, mais de um bilhão no dia 23, mais de dois bilhões no dia seguinte e mais de três bilhões, em 25 de março. Ontem, ao menos 3,381 bilhões de pessoas de pelo menos 78 países e territórios permaneciam em suas casas. A maioria — ao menos 2,45 bilhões de habitantes de 42 nações e territórios — estava obrigada a seguir a medida.

Nenhuma região do planeta escapa desse tipo de medida: Europa (Reino Unido, França, Itália, Espanha, entre outros), Ásia (Índia, Nepal, Sri Lanka…), Oriente Médio (Iraque, Jordânia, Líbano, Israel…), África (África do Sul, Marrocos, Madagascar, Ruanda…), América (Colômbia, Argentina, Peru, grande parte dos Estados Unidos…) e Oceania (Nova Zelândia). Congo-Brazzaville e duas regiões de Gana se unirão à lista neste início de semana.

Na maioria dos casos, ainda é possível sair de casa para trabalhar, comprar produtos de primeira necessidade ou receber atendimento médico. Outros territórios (ao menos nove, nos quais moram 511 milhões de habitantes) pediram à população que permaneça em casa, mas sem adotar medidas coercitivas. Esse é o caso da Rússia, dos principais estados do Brasil, do Irã, da Alemanha e de Uganda.

Ao menos outros 21 países e territórios (onde residem 384 milhões de habitantes) anunciaram toques de recolher e proibiram os deslocamentos ao fim da tarde e durante a noite. A medida foi amplamente adotada na África (Egito, Quênia, Costa do Marfim, Burkina Faso, Mali, Senegal, Serra Leoa, Mauritânia, Gabão) e na América Latina (Chile, Equador, República Dominicana, Panamá, Porto Rico). Outras partes do mundo, como Arábia Saudita, Sérvia ou a capital das Filipinas, Manila, também anunciaram o toque de recolher.

Por fim, sete países colocaram em quarentena suas principais cidades, proibindo entradas e saídas. Casos de Kinshasa (República Democrática do Congo), Riad, Medina e Meca (Arábia Saudita), Helsinque (Finlândia) ou Baku (Azerbaijão). Nessas cidades vivem mais de 30 milhões de pessoas.

Tragédia
O novo coronavírus causou pelo menos 33.244 mortes em todo o mundo desde que surgiu em dezembro, até as 16h de ontem. Do início da pandemia para cá, são mais de 697.750 casos confirmados da infecção em 183 países ou territórios.

Nas últimas 24 horas, os países que registraram mais mortes foram Espanha, com novo recorde, de 838 óbitos (contra 832, de sexta para sábado); Itália (756) e Estados Unidos (460). Em território italiano, 10.779 pessoas já perderam a vida. O país registrou 97.689 infecções. As autoridades italianas consideram que 13.030 habitantes foram curados.

As outras nações mais afetadas são Espanha com 6.528 mortes e 78.747 casos; China continental com 3.300 óbitos (81.439 confirmados); Irã, com 2.640 mortes (38.309 casos) e França, com 2.606 óbitos (40.174 positivos).

A China continental (sem contar Hong Kong e Macau) tem um total de 81.439 infectados, dos quais 3.300 morreram e 75.448 foram curados. Nas últimas 24 horas, foram registrados 45 novos casos e cinco óbitos. Desde sábado, Uruguai, Síria, Bolívia, Mali e Nova Zelândia anunciaram as primeiras mortes ligadas ao novo coronavírus.