Correio braziliense, n. 20768 , 02/04/2020. Negócios, p.10

 

Saldo comercial cai 33%

Rafaela Gonçalves*

02/04/2020

 

 

CORONAVÍRUS » Resultado da balança tem forte retração no primeiro trimestre do ano. Secretaria de Comércio Exterior atribui o mau desempenho à crise da Covid-19. Em março, exportações somaram US$ 19,239 bilhões, valor 4,7% menor do que o registrado no mesmo período de 2019

A balança comercial brasileira registrou saldo positivo de US$ 4,713 bilhões no mês de março. Os dados foram divulgados ontem pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Economia. No mês passado, as exportações somaram US$ 19,239 bilhões, valor 4,7% menor do que o estabelecido no mesmo período do ano passado. As importações totalizaram US$ 14,525 bilhões, recuo de 4,5%. Houve uma alta de 9,7% no saldo comercial positivo na mesma comparação.

O primeiro trimestre do ano fechou com resultado 33,1% inferior ao do mesmo período do ano passado. Em 2020, a balança registrou superavit de US$ 6,1 bilhões contra US$ 9 bilhões em 2019. A redução do superavit ocorre em meio ao processo de desaceleração da economia global, intensificado nas últimas semanas por conta da pandemia do coronavírus.

Segundo o subsecretário de Inteligência e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, o comércio mundial está menos dinâmico e a situação foi agravada pela paralisação global. “As ações de isolamento social adotadas pelos países atingem cerca de um terço da população mundial. A China, maior parceiro comercial do Brasil, adotou as medidas de isolamento social no final de janeiro. A União Europeia e os outros países adotaram o isolamento social, com maiores ou menores restrições, em março, principalmente na segunda quinzena do mês”.

No trimestre, as exportações tiveram uma queda na média diária de 3,7%, indo de US$ 51,2 bilhões, em 2019, para US$ 50,1 bilhões, neste ano. Este é o resultado total do mês dividido pelo número de dias do período. A redução foi puxada por diminuição nas vendas de produtos manufaturados, como suco de laranja não congelado, aviões e autopeças. Já as importações registraram um crescimento de 2,6%, pulando de US$ 42,1 bilhões, no ano passado, para US$ 44 bilhões em 2020. As compras aumentaram pela maior procura de óleos combustíveis, petróleo bruto e veículos de carga.

Ao contrário do previsto, o Ministério da Economia não informou a projeção para a balança comercial deste ano. De acordo com a pasta, diante do forte aumento da incerteza global, o anúncio da estimativa foi adiado por um mês. Segundo o subsecretário de Inteligência e Estatísticas, embora o cenário econômico não esteja refletido completamente nos dados divulgados, é razoável supor que os fluxos de mercadorias serão duramente afetados pelos efeitos da pandemia da Covid-19.

“A diminuição da expectativa de crescimento do PIB brasileiro e o câmbio real mais desvalorizado deverão reduzir demanda por importações, sobretudo de bens industrializados. As exportações, por sua vez, deverão ser mais afetadas por uma queda dos preços internacionais dos principais produtos da pauta exportadora brasileira, causada pelo baixo dinamismo da economia mundial”, afirmou Brandão.

* Estagiária sob a supervisão de Andreia Castro