Título: Morre o primeiro nos ataques em SC
Autor: Mariz, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 16/11/2012, Brasil, p. 7
Em troca de tiros com a polícia, suspeito de atear fogo em dois ônibus é baleado e não resiste. Polícia acredita que onda de criminalidade está associada a retaliação de presos
Mais quatro ônibus foram incendiados em Santa Catarina até as 18h de ontem. Uma das ações, na cidade litorânea de Itapema (SC), resultou na primeira morte desde que a onda de violência no estado começou, no último domingo. Um suspeito de participar do atentado foi atingido em uma troca de tiros com a polícia e não resistiu. Os sucessivos ataques a coletivos, viaturas, bases físicas da Polícia Militar e Polícia Civil, carros particulares, além de barricadas nas ruas, têm assustado os moradores do estado.
Os atos, que resultaram na prisão de 31 pessoas, podem ser uma retaliação de grupos criminosos a episódios de tortura supostamente praticados por agentes penitenciários contra detentos da unidade de São Pedro de Alcântara, na região metropolitana de Florianópolis. Sessenta e nove presos foram ouvidos, examinados e fotografados por uma comissão de autoridades que apura a denúncia, sob a coordenação do Ministério Público estadual.
Marcas no corpo dos detentos sugerem que houve, de fato, as agressões. Mas eles foram encaminhados ao Instituto Geral de Perícias para exames conclusivos. "Só com o resultado, poderemos afirmar se houve algum episódio de maus-tratos. Essa é uma das linhas de investigação que consideramos atualmente para buscar as causas dos ataques na ruas", afirma o procurador-geral de Justiça de Santa Catarina, Lio Marcos Marin. Segundo ele, vídeos produzidos pelos próprios presos no momento das agressões foram entregues à comissão. As imagens, porém, não ajudaram muito na apuração. Por isso, as autoridades pediram acesso ao conteúdo filmado pela câmeras da própria unidade prisional.
O diretor do presídio, Carlos Alves, pediu afastamento do cargo na quarta-feira, alegando problemas familiares. A mulher dele, Deise Alves, que era agente penitenciária, foi assassinada no fim de outubro. Especula-se que os supostos episódios de tortura dentro da penitenciária teriam sido uma espécie de vingança pela morte da esposa. E os ataques nas ruas, por sua vez, o contra-ataque de grupos criminosos chefiados por detentos daquela unidade. O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, minimizou a saída temporária de Alves, afirmando que se trata de um dos melhores profissionais do quadro penitenciário estadual. As autoridades catarinenses vêm pregando a versão de que a onda de violência que assusta dez cidades, além de Florianópolis, é uma reação do crime ao corte de regalias dentro de presídios e ao bom trabalho policial desempenhado.
Colombo afirmou, em entrevista ontem, que por enquanto não pretende pedir reforço do governo federal para conter a onda de violência. Informações extraoficiais, porém, dão conta de que o estado já sondou o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), vinculado ao Ministério da Justiça, para verificar a possibilidade de transferir presos para o sistema prisional federal de segurança máxima. As migrações, entretanto, precisam ser autorizadas pela Justiça. Nos próximos dias, presos de unidades catarinenses poderão ser abrigados em uma das quatro unidades administradas pelo Depen — que ficam em Mossoró (RN), Catanduva (PR), Porto Velho (RO) e Campo Grande (MS).
Execução de morador de rua Imagens de uma câmera de segurança mostram a execução de um morador de rua no Setor Oeste, em Goiânia. Usando um capacete, o suspeito aproxima-se da vítima com uma mochila, olha para os lados, tira o revólver da bolsa e atira contra a vítima — que dormia no chão — e foge de moto. A polícia investiga a participação de agentes de segurança nas execuções de moradores de rua. Nas últimas duas semanas, cinco foram assassinados na cidade.