Título: Europa mergulha em sua segunda recessão
Autor: Cavalcanti, Leonardo
Fonte: Correio Braziliense, 16/11/2012, Economia, p. 8

PIB da Zona do Euro cai 0,1% no terceiro trimestre e põe o mundo em alerta. Dilma pede mais investimentos

No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff chegou à Espanha, foi confirmada a segunda recessão da Zona do Euro, desde 2009. Os números revelam o desastre econômico da região com a queda de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre — nos três meses anteriores, a contração havia sido de 0,2%. Do grupo de 17 nações com moeda única, as nações mais ricas, Alemanha e França, apresentaram crescimento de irrisório 0,2%, desempenho insuficiente para compensar o desastre que se viu na Grécia (recuo de 7,2%), na Itália (menos 0,2%), em Portugal (tombo de 0,8%) e na Espanha (retração de 0,3%), onde Dilma desembarcou na noite de ontem para participar da XXII Cúpula Ibero-americana de Chefes de Estado, que começa hoje em Cádiz, a 650km de Madri.

O resultado provocou uma onda de venda de ações nas principais bolsas de valores da região, pois ampliou o temor dos investidores de que as duas maiores economias do bloco europeu sucumbam à recessão. Em Frankfurt, o mercado registrou baixa de 0,82%. Em Londres, houve perda de 0,77% e em Paris, de 0,52%. Madri destoou, com ligeira alta de 0,29%, diante das perspectivas de que a quarta economia da Zona do Euro seja resgatada nos próximos dias pela União Europeia e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

"O que estamos vendo é o que o mercado mais temia: o duplo mergulho do PIB europeu (uma recaída logo depois de ter saído de uma recessão", disse Martin Van Vliet, analista do Banco ING. Ele lembrou que, logo depois do estouro da bolha imobiliária dos Estados Unidos, em setembro de 2008, a Eurozona tombou, mas havia recuperado o crescimento no fim de 2009. "Infelizmente, estamos vendo o pior."

Socorro A chegada de Dilma a Espanha também coincide com as críticas de autoridades e economistas menos conservadores contra o arrocho fiscal imposto pela União Europeia e o FMI aos países em crise, como forma de lhes conceder socorro. As reclamações reforçam a posição da líder brasileira, de que a exigência de cortes de gastos só agrava os problemas, pois os investimentos públicos diminuem e o desemprego, que já é recorde na região. Para Dilma, o momento é de o Estado abrir os cofres para estimular a atividade, como o Brasil vem fazendo. E isso ficará claro em seu discurso em Cádiz e em Madri, sua próxima parada em terras espanholas.

A presidente brasileira deve ainda endossar o discurso do ministro espanhol de Assuntos Exteriores e Cooperação, José Manuel García Margallo, sobre a necessidade de se manter conquistas sociais importantes em vez de acelerar, dentro do pacote fiscal, os cortes de salários e de pensões, o aumento de impostos e as reformas no mercado de trabalho a partir da flexibilização das regras de demissão.

» Derretimento

Economia da Eurozona registra segunda queda consecutiva

Regiões Evolução no terceiro trimestre

Grécia -7,2% Holanda -1,1% Portugal -0,8% Chipre -0,5% Espanha -0,3% Itália -0,2% Zona do Euro -0,1% Áustria -0,1% Bélgica 0,0% Alemanha 0,2% França 0,2% Finlândia 0,3% Estônia 1,7%

Fonte: Eurostat