Título: Explosão e morte
Autor: Furquim, Gabriella; Campoli, Clara
Fonte: Correio Braziliense, 16/11/2012, Cidades, p. 19

Acidente ocorreu em uma subestação da Companhia Energética de Brasília no subsolo do Ministério do Esporte e provocou um incêndio. A vítima e outro funcionário da empresa, que ficou ferido, religavam a energia do prédio após reparos

Uma explosão nos transformadores localizados no subsolo do prédio do Ministério do Esporte matou um eletricista da Companhia Energética de Brasília (CEB) e deixou outro funcionário ferido. O acidente ocorreu por volta das 15h de ontem, quando técnicos da empresa realizavam um reparo de rotina na subestação da CEB dentro do edifício. Também houve um incêndio no local, controlado após duas horas de combate realizado pelo Corpo de Bombeiros.

Wilson de Pádua Pires, 54 anos, chegou a receber atendimento emergencial na Esplanada dos Ministérios. Os bombeiros ainda o encaminharam ao Hospital de Base do Distrito Federal, mas a vítima não resistiu aos ferimentos, provavelmente provocados por uma descarga elétrica. José Pereira dos Santos Neto, 58 anos, também ferido na explosão, foi levado para o Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Ele seria transferido à noite para o Hospital Daher, no Lago Sul, onde ficará em observação em uma unidade de terapia intensiva (UTI) a fim de desintoxicá-lo dos gases inalados no incêndio.

No subsolo do Ministério do Esporte, funciona uma subestação da CEB, onde ficam três transformadores com a função de recolher a energia da rede, reduzir a tensão e distribuí-la para o prédio. "Existe uma subestação dessas em cada prédio da Esplanada", explicou Manoel Clementino, diretor de Operações da CEB. Pela manhã, uma equipe da companhia esteve no Ministério do Esporte a fim de fazer um reparo nos transformadores. Por causa disso, a energia foi desligada, e os funcionários Wilson e José seguiram ao local, por volta das 15h, para religá-la. Nesse momento, os transformadores explodiram. A CEB cortou a energia da Esplanada dos Ministérios, que ficou 20 minutos sem luz. O prédio do Ministério do Esporte estava no escuro até o fechamento desta edição e a companhia informou que religaria o fornecimento após a perícia . O secretário adjunto de Saúde, Elias Miziara, informou que Wilson morreu de complicações causadas pelo choque elétrico, por volta de 16h. Ele sofreu várias paradas cardiorrespiratórias. O atendimento ao eletricista no hospital levou 52 minutos, tempo em que médicos e bombeiros tentaram reanimá-lo. A família da vítima esteve na unidade de saúde, mas não quis dar entrevistas. Segundo a assessoria de Comunicação da CEB, o eletricista era experiente e se aposentaria em seis meses. Natural de Goiânia, ele morava no Gama. Deixou mulher e três filhos.

Miziara, que também esteve no Hran, acrescentou que o eletricista José Pereira dos Santos Neto chegou ao hospital agitado. Foi sedado e, no início da noite, estava com a respiração controlada. Ele não teve ferimentos externos, mas inalou muita fumaça e, por isso, sofreu queimaduras nas vias aéreas. Ele não corre risco de morte, mas ficará em observação na UTI do Hospital Daher. As despesas serão pagas pela CEB. O filho dele, o também eletricista Francisco de Assis Moura, 33 anos, soube pelos médicos que o pai ficará pelo menos 48 horas entubado.

O irmão dele, Joaquim Pereira dos Santos, 45 anos, disse que José trabalha na companhia há 28 anos. Até ontem, nunca havia sofrido acidente de trabalho. "Ele sempre comentava que o trabalho era perigoso, mas dizia que tinha conhecimento e cuidado", contou. Morador do Gama, José é casado, tem três filhos e quatro netos. É o mais velho de 10 irmãos e nasceu em Picos, no interior do Piauí. Wilson era amigo da família e prestava serviço com José havia mais de 15 anos.

Tensão

O professor do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade de Brasília (UnB) Mauro Moura afirmou que ainda é cedo para explicar o incidente, mas afirmou que existem dois tipos de transformadores. "Há aquele que funciona a seco e o a óleo. O primeiro, dificilmente, gera explosão. No segundo caso, o aparelho pode acumular gases no interior e, quando a tensão fica grande, pode pegar fogo. De qualquer forma, não é uma situação comum", disse.