Título: No ano 13, Dilma vai priorizar grandes obras
Autor: Colares, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 17/11/2012, Política, p. 4
Petistas apostam nos investimentos em infraestrutura a partir de janeiro para marcar o primeiro mandato da presidente e pavimentar o caminho da reeleição em 2014
A dança das cadeiras na Esplanada vai ter que esperar. Ontem, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse que é pouco provável que uma reforma ministerial ocorra ainda este ano. Além de manter a união da base em torno da mudança de comando na Câmara dos Deputados e no Senado, que ficarão nas mãos do PMDB, a presidente Dilma Rousseff tem um objetivo claro: mostrar serviço e fazer de 2013 o grande período do seu governo. E o foco do chamado “ano 13” são as obras de infraestrutura.
“Ela (Dilma) está fazendo reuniões intermináveis para pôr em ordem toda a questão da infraestrutura e a gente sair queimando pneu”, disse ao Correio o ministro Gilberto Carvalho. Depois de sofrer os impactos da crise europeia e ter seus dois primeiros anos de mandato marcados pelo baixo crescimento econômico, a presidente quer aproveitar que não haverá eleições no ano que vem para imprimir a marca de seu governo e, claro, preparar o terreno para 2014.
Minimizando o interesse na reeleição, Gilberto Carvalho disse que os dois primeiros anos de governo serviram para o amadurecimento dos projetos e que, agora, é hora de colocá-los para funcionar. “No terceiro ano, você pôs a casa em ordem e está com a máquina pronta”, disse ele. Nesse contexto, a palavra máquina assume um sentido literal. O lado social, nesse momento, fica em segundo plano para dar lugar a estradas, portos e aeroportos. Esses últimos recebem atenção especial por um motivo óbvio: a proximidade dos megaeventos esportivos que o Brasil vai sediar, como as copas das Confederações (2013) e do Mundo (2014) e as Olimpíadas do Rio (2016).
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) é um dos órgãos que vêm recebendo pressão da presidente Dilma Rousseff. Segundo a assessoria de imprensa do Dnit, R$ 10,5 bilhões estão sendo investidos em grandes obras de duplicação e pavimentação de rodovias que já foram ou serão licitadas até o fim do ano. Outra prioridade do governo federal são os programas de manutenção de rodovias, abrigados nas siglas Crema 1 e Crema 2, que atendem a mais de 30 mil quilômetros de estradas, totalizando R$ 10,2 bilhões. “O foco da presidente Dilma é fazer de 13 o grande ano do nosso governo. É mostrar que tudo o que fizemos até agora tem consistência e vai, de fato, se traduzir cada vez mais em obras”, enfatizou Gilberto Carvalho.
Sem mudanças A presidente Dilma Rousseff já vinha sinalizando com a possibilidade de não promover mudanças nos ministérios antes do fim do ano. O assunto foi tratado, inclusive, nos recentes jantares que a chefe do Executivo ofereceu nas últimas semanas, no Palácio da Alvorada, a lideranças de partidos aliados. No último, ela tranquilizou a cúpula do Partido Progressista (PP), que estava insegura diante da cobiça em torno do Ministério das Cidades, pasta comandada pela legenda. “Ninguém é dono de ministério algum, mas ela (Dilma) sinalizou que o partido continua. Fico muito feliz porque essa é uma das principais pastas do país”, disse o senador Ciro Nogueira, referindo-se aos elogios que a presidente fez ao ministro Aguinaldo Ribeiro.
Nogueira se mostrou especialmente incomodado com a postura do presidente do PSD, Gilberto Kassab, que estaria de olho no ministério. “Isso (mudanças ministeriais) é algo que compete ao Executivo. Estamos tocando as nossas vidas”, disse o líder do PSD na Câmara dos Deputados, Guilherme Campos, sem entrar em polêmica. Quem também está “tranquilo” é o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves. Para ele, a sigla aguarda o posicionamento da presidente. Mas não esconde o interesse em aumentar seu espaço. O PMDB perdeu o Ministério de Integração Nacional, em 2010, e o da Saúde, ano passado.
"O foco da presidente Dilma é fazer de 13 o grande ano do nosso governo" Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência