Correio braziliense, n. 20774 , 08/04/2020. Cidades, p.16

 

DF registra 503 casos

Darciane Diogo

Jéssica Eufrásio

Roberta Pinheiro

08/04/2020

 

 

CORONAVÍRUS » Número de mortes subiu para 12 na capital federal. Idades dos pacientes que não resistiram à Covid-19 varia de 37 a 82 anos

A pandemia do novo coronavírus avança no Distrito Federal, unidade da Federação com a maior taxa de incidência — casos registrados por cada grupo de 100 mil habitantes. Ontem, o total de confirmações subiu para 503, 18 casos a mais que no dia anterior. A quantidade de pessoas que morreram por causa da Covid-19 também aumentou, e chegou a 12. Das 491 notificações monitoradas pela Secretaria de Saúde (SES-DF), 60 envolvem pacientes que estão internados, sendo que 40 deles estão em unidades de terapia intensiva (UTIs).

Até agora, 148 pessoas se recuperaram da doença; outras 353 apresentam quadro infeccioso leve. A maioria dos pacientes é moradora do Plano Piloto, de Águas Claras e do Lago Sul. No entanto, há registro de infecções em quase todas as regiões administrativas do DF. A SES-DF ainda analisa outros 76 registros.

A Covid-19 atinge pessoas de todas as idades no DF. A maioria dos infectados é de homens (56%), com maior proporção na faixa de 30 a 39 anos. Considerando-se pessoas de ambos os sexos, a doença é predominante entre pacientes de 30 a 59 anos. As mortes registradas foram de indivíduos com idades que variam de 37 a 82 anos. Do total de casos confirmados, 29% são provenientes de transmissão comunitária, quando não é possível saber como se deu a infecção.

A paciente zero do DF, uma advogada de 52 anos, moradora do Lago Sul, está internada há um mês na UTI do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Agora, a unidade de saúde só recebe pacientes diagnosticados com a Covid-19 ou vítimas de queimaduras. Na segunda-feira, a mulher passou por uma traqueotomia — procedimento para abertura da traqueia — e conta com suporte de ventilação mecânica. Até o fechamento desta edição, ela permanecia em estado grave, com circulação sanguínea mantida com a ajuda de medicamentos.

Confirmações

O Complexo Penitenciário da Papuda registrou, ontem, o quinto caso confirmado da Covid-19. Os pacientes são todos agentes penitenciários lotados no Centro de Internação e Reeducação (CIR). A unidade abriga 2.036 detentos do regime semiaberto que não têm autorização judicial para executar trabalhos externos. O local dispõe de 793 vagas.

A primeira confirmação na instalação prisional ocorreu na sexta-feira. No sábado e na segunda-feira, outros servidores receberam resultado positivo para o coronavírus. Ontem, mais dois agentes foram diagnosticados com a doença. A Secretaria de Segurança Pública informou que todos eles foram afastados das atividades profissionais, e que estão em isolamento domiciliar. Ainda segundo a pasta, não há registros de detentos infectados.

“A Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) esclarece que a orientação da Secretaria de Saúde é testar somente quem apresentar sintomas da Covid-19. Quando um servidor do sistema prisional está sintomático, a Gerência de Saúde Prisional o encaminha, imediatamente, para a rede pública de Saúde para realizar o teste”, afirmou a pasta em nota oficial.

Experiência

Até domingo, quando finalizou o plantão, o médico anestesista Lucas Valente, 29 anos, estava cercado por companheiros de trabalho no combate ao novo coronavírus. À noite, ele começou a sentir febre e, depois de uma conversa com a chefe, decidiu fazer o exame para detecção do micro-organismo. O resultado deu positivo. Lucas ainda apresentou tosse seca e, desde que finalizou o plantão, segue afastado dos companheiros de trabalho.

Em casa, isolado da família, dos amigos e da noiva há três semanas por precaução, o médico, agora como paciente, tem de lidar com a realidade do diagnóstico. “Na hora, você fica assustado. No hospital, estou vendo as piores faces do vírus. Trabalhamos com a parte dos pacientes em estado crítico, então sempre vemos o pior. Claro que uma boa parte dos infectados evolui para quadros mais brandos, mas dá medo”, relata.

Mesmo na posição em que está, Lucas não deixa de lado o olhar e a atenção para o outro. O médico buscou comunicar a família de maneira tranquila, para não tornar a notícia mais difícil, e conta que se sente bem. "Minha preocupação agora é de evitar infectar as pessoas, obedecendo estritamente o isolamento, e o medo de a doença evoluir", revela. “Nossa maior arma é a informação correta. Sabemos que estamos na (fase da) curva ascendente. Se a frearmos um pouco, as pessoas infectadas poderão ser atendidas”, conclui.

Registros

Coronavírus no Distrito Federal

» Casos confirmados: 503

» Pacientes internados: 62

» Mortes: 12

» Infecções leves: 353

» Casos em investigação: 76

» Pacientes recuperados: 148

Fonte: GDF (boletim divulgado às 18h03 de ontem)