O Estado de São Paulo, n.46180, 25/03/2020. Economia, p.B3

 

Anac e empresas áreas definem novas rotas de voo no País

Amanda Pupo

25/03/2020

 

 

Apesar de queda de demanda depois do coronavírus, acordo prevê ligação entre todos os Estados

O governo federal acertou com as empresas de aviação para que, mesmo diante da queda na demanda do setor em razão do novo coronavírus, todos os Estados tenham pelo menos uma ligação aérea funcionando. O assunto foi discutido na segundafeira passada durante reunião entre representantes da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), do Ministério da Infraestrutura, do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e das empresas aéreas.

Agora, segundo a Anac, serão analisadas as malhas das aéreas e feitos eventuais ajustes para garantir que nenhuma região fique isolada no País. Nem todos os Estados terão ligação entre si, mas a intenção é que cada um tenha um elo na malha em operação. Por exemplo: pelo menos uma cidade do Acre deve ter ligação com uma cidade de outro Estado.

O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, afirmou que o Brasil conta com déficit na balança comercial no setor de saúde e que, por isso, é importante que os Estados tenham linhas aéreas disponíveis para receber materiais como remédios, vacinas, insumos e equipamentos hospitalares.

“Por isso, a importância de mantermos os aeroportos em funcionamento e linhas aéreas disponíveis para os estados, mesmo com a demanda reduzida”, disse ele por meio de nota divulgada pela Anac.

A Gol anunciou que, entre 28 de março e 3 de maio, manterá em operação somente a malha essencial de 50 voos diários, conectando todas as capitais dos estados brasileiros a partir do aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos (GRU). O tempo limite das conexões também será flexibilizado para garantir a ligação entre capitais em até 24 horas. Já a Azul disse que até 30 de abril irá operar 70 voos diários para 25 cidades. A Latam deve definir suas rotas nos próximos dias.

“Estamos queimando dezenas de milhões de reais por dia. A coordenação por parte da Anac representa um recuo organizado da demanda e queda dessa queima”, disse o presidente da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz. Ele lembrou que alguns aviões estão decolando com até 12 passageiros frente a uma capacidade de 180 lugares.