Valor econômico, v.20, n.4953, 05/03/2020. Política, p. A18

 

Joice desbanca Eduardo e é escolhida como líder do PSL na Câmara

Raphael Di Cunto

Marcelo Ribeiro 

05/03/2020

 

 

A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) tornou-se ontem a nova líder do PSL na Câmara, desbancando seu desafeto, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), do cargo. Parlamentares do grupo alinhados com o presidente do partido, Luciano Bivar (PE), protocolaram ontem uma lista para destituir o filho do presidente Jair Bolsonaro do comando da bancada e colocar a ex-líder do governo do Congresso em seu lugar. Dos 41 deputados do PSL, 21 apoiaram a ex-aliada de Bolsonaro. A própria Joice não assinou por estar de licença-médica.

Essa é a segunda vez que Joice ocupa a liderança do PSL na Casa. Em dezembro, ela permaneceu por cinco dias no posto, em meio a batalha de listas entre bivaristas e bolsonaristas do PSL para definir o líder. Ao final daquela disputa, Eduardo venceu e ficou no posto.

A mobilização por assinaturas foi encabeçada pelo vice-presidente da sigla, deputado Júnior Bozzella (PSL-SP), e ocorreu um dia após o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), acatar decisão do partido de suspender 12 deputados alinhados com Bolsonaro de suas atividades.

Antes mesmo da oficialização de Joice na liderança, Eduardo afirmou ao Valor que não havia motivos para os bivaristas o destituírem do cargo, já que ele deu espaço a todos e nunca fez retaliações com os deputados aliados de Bivar. "Não existe necessidade de trocar liderança neste momento. Estou dando direitos para todos. Eles querem chegar ao poder através desses meios ardilosos", disse Eduardo sobre a suspensão dos correligionários. "Me aponte um fato em que estou dando benefício ao pessoal que assinou minhas listas. Não tem. Como líder, nunca fiz restrição".

Anteontem, a Câmara recebeu nova notificação sobre a suspensão de parlamentares do PSL. Desta vez, 12 dos 53 parlamentares do partido foram suspensos por 12 meses. O documento foi recebido por Maia e publicado no Diário Oficial da Câmara. Maia determinou que os suspensos percam suas funções de liderança e vice-liderança. Entre suas primeiras atribuições, Joice deverá fazer as alterações nos colegiados. Eduardo não está entre os punidos e poderá ser escalado nas comissões.

Também caberá a ela indicar os integrantes da legenda que presidirão as comissões este ano -e quem está suspenso não poderá concorrer ao comando de nenhum colegiado. Quem ocupa a liderança fala em nome do partido no plenário, é responsável por apresentar emendas e requerimentos e pedir verificação nominal das votações.

Para Eduardo, a suspensão dos parlamentares deve enterrar de vez qualquer possibilidade de uma pacificação entre duas alas. o que garantiria a saída de bolsonaristas do PSL com a garantia do mandato, desde que abrissem mão do fundo partidário e do tempo de televisão. "Aí fica complicado".

Sem ter um de seus aliados nesse cargo, o governo dependerá da boa vontade ou acordos com outros partidos para manifestar sua vontade no plenário da Câmara.

No ano passado, cinco deputados do PSL já tinham sido suspensos por decisão do diretório nacional do partido, em meio à briga pela liderança, mas conseguiram uma liminar da Justiça que invalidou as punições. De acordo com Eduardo, os 12 suspensos devem judicializar a decisão e tentar ter de volta suas atividades partidárias na Câmara.