Título: Aproximação com empresários
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 06/12/2012, Economia, p. 13

Dilma Rousseff diz em discurso para a indústria que o governo tem "obsessão" por melhorar a competitividade dos negócios no país» SÍLVIO RIBASA presidente Dilma Rousseff iniciou ontem um esforço para reconstruir as pontes com o empresariado nacional. Após sofrer duras críticas nos últimos dias, referentes à crescente incerteza no ambiente de negócios e à piora dos números da economia divulgados na sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobretudo com relação a investimentos em bens de capital, ela procurou reforçar um compromisso político com velhos pleitos da iniciativa privada, como investimento em infraestrutura e a redução do Custo Brasil.

“O governo e, eu tenho certeza, a indústria brasileira sabem que o caminho de uma forte parceria com diálogo permanente é o que vai estabelecer as melhores condições para acelerar o crescimento, para aumentar a utilização da capacidade instalada, para ampliar a confiança e para elevar o investimento privado no Brasil”, discursou a presidente para uma plateia dominada por empresários, durante convenção organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Recorrendo várias vezes à palavra parceria, ela se comprometeu, em discurso, a tornar as empresas capazes de competir internacionalmente e enfrentar a crise externa. “Em quase dois anos de mandato, tenho pautado nossas ações de governo pela obsessão em dar mais competitividade à economia. Nesse sentido, tornar a nossa indústria forte é algo central. Precisamos de indústria forte, ao lado da agropecuária em expansão, além de ser um grande centro de serviços”, disse.

Para Dilma, colaborar com a indústria não é algo temporário, para enfrentar o momento econômico adverso, “mas também é a garantia de um desenvolvimento sustentável”. “O caminho que optei é para fazer frente ao contexto adverso. Mas mesmo que não fosse adverso, é o necessário. O Brasil não será plataforma de exportação nem plataforma de importação”, observou.

Na avaliação da presidente, a parceria entre os setores público e privado é estratégica “interna e internacionalmente”. “Somente com o setor privado e o setor público agindo na mesma direção e garantindo competitividade interna e competitividade internacional teremos um país crescendo de forma sustentável”, afirmou. Ela avisou que não retornaria à tese do chamado tsunami monetário que os países industrializados têm provocado, um dos motivos da valorização do real. Mas não se conteve.

Balanço No rápido balanço que fez dos seus dois anos de governo, a presidente afirmou que o corte no custo da eletricidade tem peso estratégico para a retomada da economia, equivalente em importância às decisões de reduzir a taxa básica de juros (Selic) e a mudança de patamar do câmbio. Ela reconheceu a estagnação da indústria em 2012, mas observou que o país ainda não sentiu completamente os efeitos das medidas de estímulo.

Para Dilma, a desvalorização recente do real, puxada pelos cortes da Selic para o patamar inédito de 7,25% ao ano, “garantidos por uma criativa reforma na remuneração da poupança, apesar do trauma do confisco”, também ajudarão a impulsionar a economia “nos próximos meses”. Ela listou ainda as preferências de compras governamentais por produtos nacionais, os incentivos fiscais à inovação e a desoneração da folha de pagamento.

O presidente da CNI, Robson Andrade, fez na abertura do encontro uma aposta de que a atividade industrial terá desempenho melhor em 2013, em razão das medidas adotadas pelo governo. “Precisamos de mais investimento público e privado para garantir mais produtividade e um ciclo prolongado de expansão”, disse.

A produção industrial cresceu em outubro pela primeira vez na comparação anual em 13 meses, mas, em relação a setembro, a expansão ficou abaixo do esperado, levando economistas a questionar se os dados indicam uma tendência de alta sustentável.