Título: GDF quer grandes eventos na Esplanada
Autor: Rodrigues, Gizella
Fonte: Correio Braziliense, 06/12/2012, Cidades, p. 25

Governo local negocia com o Ministério da Cultura a ampliação do uso da área central de Brasília não só para as quatro datas defendidas pelo Iphan. Segundo Agnelo, o local deve ser democrático e servir de palco para festas

O Governo do Distrito Federal costura um acordo para disciplinar o uso da Esplanada dos Ministérios como palco de festas. O governador Agnelo Queiroz se reuniu com a ministra da Cultura, Marta Suplicy, e a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Jurema Machado, em 31 de outubro, a fim de definir em quais datas o gramado central do cartão-postal de Brasília poderá ser ocupado por tendas e palcos. Novo encontro está marcado para a próxima semana e, apesar da tentativa de acordo, o governador afirmou que realizará a festa de Corpus Christi na Esplanada dos Ministérios, em maio de 2013, mesmo com a posição contrária do Iphan no DF.

Depois das declarações do superintendente do Iphan-DF, José Leme Galvão, de que iria proibir a realização de festas no gramado central da Esplanada, Agnelo reagiu e fez duras críticas à posição do órgão. “O Iphan quer dar ordem na Esplanada, impedir que lá se façam eventos. Isso é um absurdo completo. Aqui é uma cidade soberana”, disse. “Não vamos aceitar que um burocrata venha impedir a realização da manifestação religiosa de Corpus Christi na Esplanada. Corpus Christi vai acontecer na Esplanada como sempre, porque é um direito do povo”.

Para Agnelo, o tombamento de Brasília não pode servir de impedimento para o desenvolvimento da cidade e para manifestações culturais na área central da capital. “Muita gente acha que uma cidade tombada é uma cidade intocável, que ninguém pode modificar. Isso é um erro muito grave”, afirmou. “Uma cidade tombada é viva, dinâmica, para que o seu povo tenha qualidade de vida e viva bem”, completou.

O superintendente do Iphan no DF afirmou que limitaria a montagem de tendas e palcos na Esplanada dos Ministérios a quatro datas: 21 de abril, 7 de setembro, Natal e ano-novo. Chegou a falar que, a partir de 2013, o uso indiscriminado do canteiro central ao longo do Eixo Monumental para eventos teria novas normas. Ontem, José Galvão esclareceu que não há nenhuma nova norma em estudo e que ele só quer reforçar o cumprimento da Portaria nº 314, de 8 de outubro de 1992. A regra garante a proteção do Conjunto Urbanístico de Brasília e determina que, no canteiro central da Esplanada, são vedadas quaisquer edificações acima do nível do solo, garantindo plena visibilidade.

Galvão, no entanto, reafirmou que não autorizará mais a montagem de palcos para shows na Esplanada que não sejam tradicionais na capital, apesar de se mostrar disposto a negociar com o GDF “uma agenda positiva”. “Uma coisa são os eventos que fazem parte do calendário oficial da cidade. Mas se vierem pedir autorização para a realização de shows de última hora, não vamos autorizar a sucessão de eventos que ocorrem toda semana”, disse. “Tive algumas conversas informais com a Administração de Brasília para estudar melhores locais para fazer festas. Não quero entrar em conflito com o GDF, recebi uma determinação da Presidência do Iphan para fazermos ações em conjunto”, ressaltou.