Título: Oposição prepara ofensiva
Autor: Abreu, Diego ; Mader, Helena
Fonte: Correio Braziliense, 12/12/2012, Política, p. 4

A oposição montou uma ofensiva em diversas frentes para tentar furar o bloqueio do governo e avançar nas denúncias feitas pelo publicitário Marcos Valério ao Ministério Público Federal. O PSDB e o DEM assinaram um pedido conjunto solicitando à Procuradoria Geral da República a íntegra do depoimento em que Valério afirma que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve despesas pessoais pagas pelo esquema do mensalão e que deu o aval para os empréstimos fraudulentos do BMG e do Banco Rural ao PT em 2003. "Se eu fosse o PT e o governo, terminaria o ano de luto", declarou o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Além do pedido de informações à PGR, os parlamentares da oposição repetirão a tática de guerrilha adotada no caso da Operação Porto Seguro e inundarão o Congresso com requerimentos de convite para que Marcos Valério exponha o que tem a dizer sobre o caso. "Ficou evidente, pelas declarações dadas por ele ao Ministério Público, que Valério quer falar. Ele tem medo de morrer e resolveu abrir o jogo", disse o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN). "A situação ainda se complica mais porque, no depoimento, é dito que foi o PT que pagou o advogado de Valério. Era outra forma de silenciá-lo", completou o demista.

Os próprios parlamentares, contudo, reconhecem que a tarefa de trazer o publicitário ao Congresso é complexa. A base aliada, maioria esmagadora nas duas Casas, tem condições de derrubar todos os requerimentos. Essa blindagem já vem sendo executada desde que estourou ao Operação Porto Seguro, para evitar a presença da ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha.

Os requerimentos de convocação da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil); do advogado-geral da União, Luis Inácio Adams; e da ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha foram pautados para votação hoje, em reunião da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, marcada para as 11h. "Nossa obrigação é fazer barulho e constranger o governo. Não podemos ficar parados", defendeu Aécio.

Fora de contexto O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), considerou completamente descontextualizadas as declarações de Marcos Valério. "O PT enfrentou todo esse debate durante esses últimos sete, oito anos, continuou crescendo, continuou ganhando eleições, foi o grande vitorioso das eleições deste ano, das eleições municipais", resumiu.

Já o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu publicou nota assinada pelo seu advogado, José Luis Oliveira Lima, o Juca, na qual nega encontros com Valério no Palácio do Planalto. "O ex-ministro José Dirceu jamais se reuniu com Marcos Valério, com o ex-presidente Lula e Delúbio Soares no Palácio do Planalto, bem como nunca conversou qualquer assunto com ele (Valério), muito menos a respeito de financiamentos de campanhas", resumiu, lacônico.