O Estado de São Paulo, n.46189, 03/04/2020. Política, p.A8

 

Marta se filia à sigla de Paulinho da Força

Ricardo Galhardo

03/04/2020

 

 

Agora no Solidariedade, ex-prefeita diz que se dispõe a se candidatar a qualquer cargo

A dois dias para o fim do prazo de filiação para quem quiser concorrer nas eleições municipais deste ano, a exprefeita de São Paulo Marta Suplicy assinou a ficha de entrada no Solidariedade, partido comandado pelo deputado Paulinho da Força (SP). O papel que Marta terá nas próximas eleições municipais vem sendo especulado desde o fim do ano passado, quando surgiu a hipótese de que ela seria candidata à vice na chapa de Fernando Haddad (PT). Também ex-prefeito, Haddad tem declarado que não tem pretensão de concorrer à Prefeitura neste ano.

Em um texto no qual explica as razões da escolha, Marta defende a formação de uma frente ampla que vá dos liberais de centro direita aos progressistas de esquerda para enfrentar candidatos apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro, e diz que o “oportunismo eleitoral” deve ser colocado de lado.

“A união é necessária para termos capacidade e condições de formularmos as respostas para a construção de programas sociais abrangentes e políticas públicas emergenciais. Está colocado o desafio de abandonar o oportunismo eleitoral e nos centrarmos no que nos une”, afirmou a ex-prefeita. “Colocarmos de lado as divergências acessórias para aprofundarmos projetos urgentes de prevenção sanitária, saneamento básico, cuidados e acolhimento de toda a população, em especial os mais carentes e desprotegidos.”

Marta tem dito em entrevistas que, desde que se desfiliou do MDB, em 2018, está disposta a concorrer a qualquer cargo neste ano desde que sua participação ajude a cimentar a unidade de uma frente democrática contra o bolsonarismo.

A filiação de Marta ao Solidariedade acontece no dia em que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), faz um aceno à esquerda ao compartilhar uma mensagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Marta, que teve a volta ao PT barrada por setores da militância petista, embora tivesse apoio de Lula, criticou o sectarismo no texto. “Fora de hora e equivocados estão os que insistem, também de forma irresponsável, no debate de disputas internas partidárias voltadas para o próprio umbigo. Não há mais cabimento em apontar a lua mas não conseguir enxergar além do que o próprio dedo”, disse a ex-prefeita. “A lógica da solução eleitoral através de disputas apequenadas devem ser superadas, pois acabam prevalecendo sobre os interesses maiores da cidade e do País”.

Paulinho da Força afirmou que, a partir da filiação de Marta, o partido vai discutir com outras siglas um projeto para a prefeitura de São Paulo. “Ela veio com objetivo de disputar eleição, mas a ideia é construir uma frente mais ampla para não ser candidatura isolada. Tem expressão nacional. Vamos conversar com os partidos, com as lideranças de São Paulo”, disse Paulinho.

Cenário. Embora existam discussões sobre adiamento das eleições municipais por causa da pandemia do coronavírus, o cenário eleitoral paulistano já tem nomes confirmados como pré-candidatos à Prefeitura.

Com apoio do governador João Doria, o prefeito Bruno Covas (PSDB) trouxe para seu palanque PSC, Podemos, Cidadania, DEM e PL. Ainda não é possível calcular exatamente o número de inserções a que Covas terá direito na propaganda de eleitoral de rádio e TV, mas é certo que ele terá à disposição 40% do espaço reservado aos candidatos. O PSDB também está em estágio avançado de conversas com o MDB e negocia com o Republicanos.

O apresentador José Luiz Datena, da TV Band, filiou-se ao MDB, mas sinaliza que seu projeto é disputar o Senado em 2022. Ele deve apoiar Covas. O ex-governador Márcio França (PSB) já fechou com o PDT de Ciro Gomes. O PCdoB lançou o deputado Orlando Silva, e o PSOL ainda espera a realização de prévias para a anunciar a chapa Guilherme Boulos e Luiza Erundina. / COLABOROU PEDRO VENCESLAU

‘Frente’

“Ela veio com objetivo de disputar eleição, mas a ideia é construir uma frente mais ampla para não ser candidatura isolada. Tem expressão nacional.”

Paulinho da Força

PRESIDENTE DO SOLIDARIEDADE

PARA LEMBRAR

RUSSOMANNO LIDERA, DIZ IBOPE

O deputado federal Celso Russomanno (Republicanos) e o prefeito Bruno Covas (PSDB) aparecem nas primeiras colocações na disputa pela Prefeitura de São Paulo, segundo pesquisa Ibope encomendada pela Associação Comercial de São Paulo, em parceria com o Estado, e divulgada em 22 de março. A lista de nomes apresentados, porém, não é definitiva, já que as candidaturas só serão decididas nos próximos meses. Russomanno tem 24% das intenções de voto, e Covas, candidato à reeleição, 18%. Em seguida, aparecem o ex-governador Márcio França (PSB) e Guilherme Boulos (PSOL), com 9% e 6%, respectivamente. Depois vêm Andrea Matarazzo (PSD) e Arthur do Val (Patriota), ambos com 3%, e Jilmar Tatto (PT) e Joice Hasselmann (PSL), com 2%. Os que afirmaram pretender votar nulo ou em branco são 27%.