Título: Defesa quer inquérito
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 11/12/2012, Política, p. 4

O ex-diretor da Agência Nacional de Águas Paulo Vieira, um dos indiciados pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, deve comparecer ao Congresso para se defender. Mas a estratégia da defesa é que ele só faça isso após ter acesso a todo o inquérito. “Ele (Paulo) precisa saber do que está realmente sendo acusado”, disse ao Correio o advogado de Paulo, Pierpaolo Bottino.

O advogado lembrou que a defesa ainda não teve acesso, por exemplo, ao relatório elaborado pela PF na última sexta-feira e que levou ao indiciamento de Rosemary Noronha por formação de quadrilha. Antes disso, ela só estava indiciada por corrupção passiva, tráfico de influência e falsidade ideológica. “Não sabemos ainda as razões para isso, mas é bom lembrar que, durante a operação, foram apreendidos documentos e algumas pessoas acabarem levadas para a sede da Polícia Federal”, acrescentou.

O advogado reconheceu que Paulo está incomodado com a situação. “Ele está desconfortável? Está. Mas não adianta comparecer à Justiça ou ao Congresso sem saber todas as acusações que pesam contra ele”, justificou o advogado.

Na semana passada, o irmão de Paulo, Rubens Vieira — ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) — ligou para senadores da oposição, colocando-se à disposição para se defender no Congresso. O convite para Rubens foi aprovado há duas semanas, em uma reunião da Comissão de Infraestrutura do Senado. A vitória dos oposicionistas só foi possível porque a base do governo “cochilou”. Quando os líderes do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), e do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), chegaram à comissão, o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) já tinha aprovado a proposta. A audiência com Rubens Vieira ainda não está marcada.