Título: PT faz duras críticas ao PSB
Autor: Marcos, Almiro
Fonte: Correio Braziliense, 11/12/2012, Cidades, p. 26

Para representantes do Partido dos Trabalhadores, a saída da legenda da base do Governo do Distrito Federal decorre dos planos do senador Rodrigo Rollemberg de sair como candidato ao Buriti em 2014. Eles classificam a decisão como "intempestiva e desnecessária"

Dois dias depois do anúncio da saída do PSB da base do governo Agnelo Queiroz, o PT do Distrito Federal avalia que a decisão está relacionada diretamente ao projeto pessoal do senador Rodrigo Rollemberg, possível pré-candidato ao Palácio do Buriti em 2014. “A única explicação que consigo encontrar para o abandono de um projeto que a gente estava desenvolvendo junto é um plano particular do senador Rollemberg. Não existem outros motivos”, avaliou o presidente do PT-DF, deputado federal Roberto Policarpo. O pensamento é compartilhado pelos deputados distritais Arlete Sampaio, líder do governo na Câmara Legislativa, e Chico Vigilante, que consideram “intempestiva e desnecessária” a posição do ex-aliado.

Até agora, o governador não falou a respeito do assunto. Mas, segundo Roberto Policarpo, o PSB nunca procurou o núcleo do Executivo nem o partido para reclamar de falta de espaço no governo — uma das justificativas para o abandono da base. Ele explicou que é natural o PT ter uma maior parcela de participação na estrutura do GDF, por ser a sigla de maior representatividade no parlamento, com cinco deputados distritais e três federais.

“Só não temos um senador justamente porque, na composição da chapa em 2010, cedemos espaço para o PDT e para o PSB, que depois nos abandonaram. E o espaço ocupado pelo PSB no governo é muito grande”, disse o presidente regional do PT. Nas últimas eleições, a chapa tinha Agnelo para o governo e Rollemberg e Cristovam Buarque (PDT) para o Senado.

Já que o PSB não faz mais parte da base, Chico Vigilante acha que é justo, inclusive, que Rodrigo Rollemberg devolva o mandato de senador. “Afinal, ele não foi eleito sozinho. A eleição só veio por meio de um trabalho da coligação. Tínhamos um projeto de governo para construir juntos e eles decidiram não seguir em frente. É lamentável”, avaliou o petista.

Arlete Sampaio, também do PT, classificou como “equívoco” a decisão dos antigos aliados. “Eles estavam presentes no governo e fazendo um bom trabalho. Acho errado deixar tudo isso para trás em nome de um projeto político do senador Rollemberg. Temos mais dois anos de governo à frente. Ainda é cedo para fazer um balanço e abandonar o projeto”, argumentou.

O PSB é a terceira legenda a desembarcar da base do governo este ano. Em abril, o PDT e o PPS já haviam adotado a mesma postura. Em linhas gerais, os partidos reclamam de falta de espaço no núcleo decisivo do GDF. Com as mudanças, a coligação que elegeu Agnelo tinha 11 partidos, número que subiu para 17 no fim de 2011 e, com a saída das três legendas e o ingresso do PEN, a base passou a ficar com 15 partidos. “Continuamos com um grupo forte de apoio”, afirma Policarpo.

Contradições Enquanto o PPS foi para a oposição tanto no âmbito nacional quanto distrital, as posições de PSB e PDT, por enquanto, são contraditórias, já que os dois partidos integram a base de apoio da presidente Dilma Rousseff (PT). O senador Rodrigo Rollemberg já reafirmou que se mantém leal à presidente e o PDT tem até um ministro indicado — Brizola Neto, do Trabalho. “No caso do PSB, isso é oportunismo. O senador Rollember deveria entregar, inclusive, o cargo que tem na Sudeco (Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste)”, criticou Chico Vigilante. O chefe do órgão, Marcelo Dourado, é indicação de Rollemberg.

O senador explica que a decisão de independência do partido não está relacionada com a eleição prevista para ocorrer daqui a dois anos. “Não vamos antecipar as discussões sobre o futuro: 2014 será discutido em 2014”, resume. “O PSB saiu da base porque o governador se afastou dos compromissos de campanha”, acrescentou. A decisão pela independência contou com 241 votos favoráveis e 43 contrários de filiados, durante a plenária regional do partido, ocorrida na Legião da Boa Vontade (LBV), na Asa Sul, na manhã de sábado.

Mudança

A posição de independência agora muda a situação do deputado distrital Joe Valle (PSB), que era um dos mais fiéis deputados da base de Agnelo na Câmara Legislativa. “Só vou apoiar o governo nos projetos que forem de interesse da população”, resumiu. A ida do partido para a oposição pode colocar o deputado em um clima político ruim, já que ele tinha cargos indicados na Secretaria de Agricultura, na Emater e na Ceasa, órgãos relacionados diretamente com a sua área de atuação: sustentabilidade ambiental.