Título: Imigrantes sofrem mais
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Fonte: Correio Braziliense, 04/12/2012, Economia, p. 13
A crise econômica atingiu mais os imigrantes do que as populações nativas, em particular nos países mais afetados, como Irlanda, Espanha e Itália, segundo um estudo da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado ontem, em Paris. Nesses países, que têm sido grandes receptores de trabalhadores estrangeiros nos últimos anos, os “imigrantes foram afetados de maneira desproporcional pelo desemprego”, alerta a pesquisa Encontrar suas marcas: os indicadores da OCDE sobre a integração dos imigrados 2012.
Isso se deve, em parte, ao fato de trabalharem, principalmente, nos setores mais afetados pela crise e de pertencerem aos “grupos mais vulneráveis no mercado de trabalho, como os jovens ou as pessoas com pouca formação”, segundo a OCDE. No total, a taxa de desemprego entre os imigrantes chegou a 11,9% em 2010, 2,7 pontos a mais em 10 anos, mais que o dobro que o da população nativa (+1 ponto).
O índice de desemprego entre os descendentes de imigrantes — uma média de 13,8% — também é superior, em mais de seis pontos percentuais, ao dos descendentes de nativos. Além disso, a taxa de pobreza é superior entre os imigrantes de países que integram a OCDE: 17,3% deles vivem no patamar de pobreza, frente a 8,7% dos nativos.
Integração No mesmo período, a crise empurrou os emigrantes dos países mais pobres em direção aos 34 integrantes da OCDE. Esse organismo agrupa a maioria dos países mais ricos do planeta, entre eles Espanha, Chile e México. O Brasil e a China não fazem parte. Em 10 anos, a quantidade de estrangeiros instalados na OCDE aumentou um terço, passando a 110 milhões, 9% da população total, de acordo com os autores do estudo. Desse total, um terço deles vive nos Estados Unidos e 10% na Alemanha.
O relatório, primeira comparação realizada no conjunto dos países da OCDE, elogia a Alemanha, a Dinamarca, a Finlândia e a Suécia, que, apesar da crise, realizaram “muitos esforços para integrar os imigrantes no mercado de trabalho nos últimos anos”. A análise aponta ainda que na França, nos Estados Unidos e na Holanda, mais de 70% dos imigrantes esão instalados pelo menos há 10 anos. Já nos países da Europa do sul, eles chegaram mais recentemente.