Título: Socorro para a Espanha
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Fonte: Correio Braziliense, 04/12/2012, Economia, p. 13
Banco Central Europeu repassará 41 bilhões de euros do bloco com o objetivo de resgatar instituições financeiras
O Ministério da Economia da Espanha pediu formalmente, ontem, o desembolso de 41 bilhões de euros — o equivalente a 53,3 bilhões de dólares — de fundos europeus para recapitalizar o seu setor bancário. Os recursos deverão ser pagos ao fundo bancário estatal FROB até 12 de dezembro. Só depois, eles serão redistribuídos. O valor será dividido em três grupos: 37 bilhões de euros para os bancos Bankia, Catalunya Banc, NCG Banco e Banco de Valencia, todos públicos, 1,5 bilhão de euros para as instituições Mare Nostrum, Liberbank, Caja3 y Ceiss, privados, e outros 2,5 bilhões de euros para o chamado “banco podre”.
A aprovação foi definida na reunião dos ministros de Finanças da Zona do Euro, que estão reunidos em Bruxelas, na Bélgica. As ajudas, no entanto, custarão caro. Em troca do resgate europeu, os bancos terão de cumprir um rigoroso plano de reestruturação, que incluirá cortes, venda de filiais, fechamento de cerca de mil agências e restrições de crédito. Também devem ser exigidas as demissões de 8 mil funcionários das instituições financeiras, o que preocupa o governo da nação ibérica, já que as taxas de desemprego estão em cerca de 25%.
“Esse processo é vital para que não se volte a reproduzir os erros do passado”, disse o ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos. O primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy — que tomou posse em dezembro de 2011 —, resistiu ao pedido de ajuda. Chegou a dizer, no fim de outubro, que ainda não havia solicitado o resgate porque não o considerava imprescindível. Mas, agora, diante do agravamento da situação financeira do país, não encontrou outra alternativa. O empréstimo de 41 bilhões de euros terá juros inferiores a 1% ao mês.
4% do PIB Os valores disponibilizados pelo Banco Central Europeu (BCE) representam quase 4% do Produto Interno Bruto (PIB) espanhol. Todo o valor deve ser repassado aos bancos do país em até seis meses, depois da autorização oficial. A equipe financeira de Rajoy esperava, até a última hora, reduzir os valores pedidos com a venda de ativos de algumas instituições, mas as negociações com os compradores fracassaram. Em junho, o BCE já havia autorizado a remessa de até 100 bilhões de euros em recursos, mas, à época, pediu que fosse feita uma auditoria nas instituições para determinar as verdadeiras necessidades.
» Bolsas em alta
As principais bolsas europeias fecharam em leve alta ontem, influenciadas por dados positivos dos Estados Unidos e da indústria europeia. O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações do continente, fechou em alta de 0,16%. O PMI do setor industrial da Zona do Euro subiu para 46,2 em novembro. O número é o mais alto dos últimos oito meses, mas, ao mesmo tempo, marca o 16º mês de deterioração da atividade.