O Estado de São Paulo, n.46194, 08/04/2020. Metrópole, p.A12

 

Ministério só recomenda cloroquina para casos graves

Julia Lindner

Mateus Vargas

Vinícius Valfré

08/04/2020

 

 

Em resposta a pedidos de liberação ampla do uso da cloroquina ou hidroxicloroquina como tratamento e até prevenção a covid-19, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), afirmou ontem que recomenda o uso dos produtos a pacientes internados. Ele também disse que não mudará o protocolo antes de evidências científicas robustas sobre segurança e eficácia da droga para pacientes leves, mas observou que médicos sempre puderam receitar o tratamento, assumindo riscos e responsabilidades.

“Já liberamos cloroquina e hidroxicloroquina tanto para os pacientes críticos, aqueles que ficam em CTIs, quanto para qualquer paciente em hospital, o moderado. O medicamento já é entregue, já tem protocolo. Nós estamos analisando para casos anteriores aos leves, que é onde pode haver algum tipo de senão. Isso ainda existe um pouco de dúvida, por conta de efeitos colaterais”, disse Mandetta.

O medicamento pode, no entanto, ser prescrito por um médico para casos mais leves, como reafirmou Mandetta. No fim de março, a Anvisa determinou que a venda desSes medicamentos só pode ser feita com receita branca especial em duas vias. A medida evita desabastecimento nas farmácias dos fármacos, usados também para pacientes de malária e doenças autoimunes, por exemplo.

“A prescrição médica no Brasil... a caneta e o CRM (número de registro do profissional) estão na mão dele (do médico). Se ele quiser comunicar o paciente que não tem evidência, que poderia usar o medicamento, com tais riscos, e se responsabilizar individualmente, não tem óbice”, disse o ministro.

Mandetta afirmou que o órgão acompanha estudos clínicos com medicamentos em 5 mil pacientes, incluindo uso de cloroquina e a hidroxicloroquina. Também estão sendo testadas a combinação de hidroxicloroquina com azitromicina, interferon beta b1, entre outros produtos. Os primeiros resultados devem ser conhecidos a partir do próximo dia 20.

Enquanto isso, a recomendação é de cautela. “Não houve alteração (na prescrição)”, afirmou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos, Denizar Vianna.