Título: Bombardeios matam 20 guerrilheiros das Farc
Autor: Pedreira, Vinícius
Fonte: Correio Braziliense, 04/12/2012, Mundo, p. 17
No maior ataque contra a guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) desde o início das negociações de paz, em 18 de outubro, o Exército bombardeou acampamentos no departamento (estado) de Nariño, matando pelo menos 20 rebeldes. A operação provocou a morte de Guillermo Pequeño, um dos líderes da Brigada Mariscal Antonio José Sucre, e ocorreu às vésperas da retomada das negociações de paz com o governo de Juan Manuel Santos, em Havana. As autoridades de Bogotá já tinham declarado que não aceitariam nenhum cessar-fogo, mesmo depois de os guerrilheiros firmarem uma trégua unilateral de 2 meses.
O anúncio da ofensiva se sucedeu à divulgação da guerrilheira Sandra Ramírez. Integrante da equipe de negociadores das Farc e viúva do fundador, Manuel Marulanda Vélez (o “Tirofijo”), ela garantiu que a facção ainda mantém prisioneiros de guerra. A declaração irritou o ministro da Defesa colombiano, Juan Carlos Pinzón, que condicionou a paz ao anúncio da situação real dos sequestrados. “Quem tem que ganhar a credibilidade do país são eles (os guerrilheiros)”, afirmou Pinzón.
Para o presidente Santos, no entanto, “o balanço da primeira rodada (de paz) é positivo”. No entanto, o chefe de Estado foi enfático e alertou que as negociações devem se encerrar antes de novembro de 2013. “Este não pode ser um processo de anos, mas de meses”, disse.
Alberto Pfeifer, professor de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP), acredita que, ao atacar as Farc, o governo tentou colocar a guerrilha numa posição mais fragilizada, aos olhos da opinião pública colombiana. “Os bombardeios podem trazer prejuízo (para as negociações), caso as Farc entendam que a melhor prática está no endurecimento de sua posição, mas isso é algo muito improvável. O sentido das negociações é oferecer às pessoas ligadas às Farc uma saída estável e a reinserção na sociedade”, explicou ao Correio.