Título: Ameaça à redução de tarifas
Autor: Ribas, Sílvio
Fonte: Correio Braziliense, 15/12/2012, Economia, p. 15

Seca prolongada e ativação de usinas 0térmicas elevam custo das distribuidoras e vão pesar no bolso dos consumidores em 2013

O baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas em razão da prolongada seca este ano e a ativação de usinas térmicas para compensar a queda de geração vai pesar no bolso do consumidor em 2013. Estudo divulgado ontem pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) revela que o custo da produção de energia pode pressionar a conta de luz. Esse fato comprometerá a meta do governo de reduzir o valor médio das faturas em 20%, a partir de fevereiro, por meio das mudanças promovidas pela Medida Provisória (MP) 579.

Com um fornecimento ao sistema interligado nacional três vezes acima do normal ao longo do ano, para evitar apagões, as térmicas já encareceram os preços da eletricidade em 2012. A produção dessas usinas passou de 3 mil para 13 mil megawatts médios, o que agregou R$ 90 por megawatt-hora em julho, valor que subiu para R$ 451 em novembro.

A Abradee estima que, somente de novembro a março, as distribuidoras terão um gasto mensal extra de R$ 650 milhões, um acréscimo de 4% nos custos após os cinco meses. "Isso vai gerar um problema de caixa que será repassado para o consumidor na data de reajuste das tarifas", diz o presidente da Abradee, Nelson Leite.

Enquanto a tarifa não for corrigida para compensar os novos custos, as distribuidoras poderão ter dificuldade de honrar compromissos. Por isso, a associação negocia um empréstimo com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o segmento.

A MP 579 — que trata da renovação antecipada de concessões do setor elétrico — avança sem dificuldades no Congresso. Os deputados deverão concluir na terça-feira a votação do texto. O governo só foi contrariado até agora com a rejeição à proposta de corte de receita e de patrimônio pelas concessionárias Cesp (SP), Cemig (MG), Copel (PR) e Celesc (SC). A presidente Dilma Rousseff disse que o Tesouro vai cobrir a diferença deixada pelos "não colaboradores", um montante de R$ 2 bilhões a R$ 3 bilhões.