Título: Buriti mostra força na Câmara
Autor: Marcos, Almiro
Fonte: Correio Braziliense, 15/12/2012, Cidades, p. 34

Agnelo costura acordo com a base aliada, obtém quatro das cinco cadeiras da Mesa Diretora e assegura o petista Wasny de Roure no comando do Legislativo até o fim de 2014

O governador Agnelo Queiroz (PT) sai com saldo positivo da eleição da Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Com exceção da presença da deputada oposicionista Eliana Pedrosa (PSD) na composição, os outros quatro nomes dos titulares tinham a aprovação do chefe do Executivo (veja quadro). Os novos presidente e vice da Casa, Wasny de Roure (PT) e Agaciel Maia (PTC), respectivamente, eram os preferidos para encabeçar a chapa desde que as articulações foram iniciadas pessoalmente por Agnelo — a posição foi anunciada a deputados petistas em almoço na Residência Oficial de Águas Claras no último dia 4.

Além de ter emplacado a maior parte dos membros da Mesa, o governador ainda conseguiu controlar uma ameaça de incêndio que surgiu quando o nome de Wasny foi colocado como preferência do Palácio do Buriti. Partidos da base, como o PMDB, o PEN e o PTB, oficializaram o descontentamento, cobrando que o novo presidente viesse de um partido que não fosse o PT. A alegação do bloco dos contrariados é que o partido do governador vinha adotando uma posição hegemônica em situações como a distribuição dos cargos na estrutura administrativa, a última eleição da Mesa Diretora (o petista Patrício foi o presidente escolhido em 2011) e a escolha da vaga do Tribunal de Contas do DF (Paulo Tadeu foi o indicado).

Sem a presença de um grande articulador no governo desde a ida do ex-deputado federal e ex-secretário de Governo Paulo Tadeu para o TCDF, Agnelo tomou as rédeas das negociações para a escolha da Mesa Diretora. “Alguns chegaram a dizer que o governador estava interferindo em outro poder, que isso afetaria a autonomia e equilíbrio dos poderes, mas é claro que o Executivo tem os seus interesses. É tudo uma questão de estratégia política e nenhum governo quer ter a oposição comandando o Legislativo”, explica uma fonte no Palácio do Buriti.

Fogo amigo Com partidos da própria base trabalhando contra o nome de Wasny de Roure, o governo esperou para ver o quadro se consolidar. Não demorou para que se percebesse que o fogo amigo vinha principalmente de duas frentes: os deputados/secretários Alírio Neto (PEN) e Cristiano Araújo (PTB), respectivos titulares das pastas de Justiça e Desenvolvimento Econômico do DF. Quando o grupo liderado por eles ameaçava lançar uma chapa alternativa, já no dia da eleição (na última quinta-feira), Agnelo chamou os dois e os enquadrou. Foi usado o argumento de que a base precisava continuar unida.

O recado foi entendido. Wasny foi conduzido à presidência trazendo como vice Agaciel Maia em chapa aprovada por unanimidade pelos 24 deputados. “Acredito que a Câmara sai fortalecida desse processo eleitoral. Um ponto importante que eu destaco foi a maturidade que os deputados tiveram nas negociações. A presença da oposição na Mesa foi garantida com a deputada Eliana e acho que isso é salutar para a democracia”, avaliou o novo presidente, que assume em 1º de janeiro e fica à frente da Mesa até 31 de dezembro de 2014 (leia Sete perguntas para).