Título: Abuso de poder derruba chanceler
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Fonte: Correio Braziliense, 15/12/2012, Mundo, p. 28

Ultranacionalista Avigdor Lieberman abandona o posto que ocupava desde 2009

Não sou obrigado, mas decidi renunciar às minhas funções de ministro das Relações Exteriores”

Avigdor Lieberman, Ex-ministro das Relações Exteriores

Pressionado por acusações da Justiça, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, renunciou ontem ao cargo que ocupava desde 2009, quando foi nomeado chanceler pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. “Legalmente, não sou obrigado a apresentar minha renúncia, mas decidi renunciar às minhas funções de ministro das Relações Exteriores e de vice-primeiro-ministro”, declarou Lieberman.

Chefe do partido ultranacionalista Israel Beitenu — um dos principais aliados do Likud, de Netanyahu —, o agora ex-chanceler foi indiciado na quinta-feira pelo procurador-geral Yehuda Weinstein por abuso de confiança e fraude em um dos dois casos de corrupção em que é alvo de investigação.

De acordo com Weinstein, Lieberman promoveu o ex-embaixador israelense na Bielorússia Zeev Ben Ariech, motivado por interesses pessoais. Ariech teria fornecido informações privilegiadas sobre uma investigação policial contra o ministro naquele país, ganhando, assim, a confiança do ultranacionalista.

“Decidi apresentar uma carta de acusação contra Lieberman por ter proposto ao governo em dezembro de 2009 nomear o ex-embaixador na Bielorrússia em outro país, apesar do fato de que, segundo as provas em nosso poder, ele sabia que havia cometido uma falta profissional”, disse o procurador-geral.

Eleições

O anúncio veio em um momento de decisão na vida política do Estado judaico. Em apenas cinco semanas, ocorrerão as eleições legislativas — antecipadas pelo primeiro-ministro para o próximo 22 de janeiro —, que vão definir a nova cara do Knesset, o parlamento de Israel. “Quero que este caso termine sem demora e lave definitivamente o meu nome”, disse o ex-ministro.

“Estou fazendo isso também porque acredito que os cidadãos de Israel têm o direito de ir às urnas com esse problema resolvido, isto é, uma decisão legal será tomada antes das eleições. Assim, poderei continuar a servir o Estado de Israel e a seus cidadãos, fazendo parte de uma liderança unida que enfrentará os desafios de segurança, diplomáticos e econômicos de Israel”, encerrou.