Título: A vez de Roberto Jefferson
Autor: Abreu, Diego
Fonte: Correio Braziliense, 26/11/2012, Política, p. 3
O Supremo Tribunal Federal (STF) dá sequência hoje ao julgamento do mensalão, que entra na fase de dosimetria das penas de políticos integrantes do núcleo partidário do escândalo que atingiu o primeiro mandato do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os acusados que poderão ter as penas definidas nesta tarde, está o ex-deputado federal e presidente do PTB Roberto Jefferson, responsável por ter delatado o esquema que veio à tona em 2005. Na ocasião, ele teve o mandato de parlamentar cassado pela Câmara dos Deputados.
Hoje, porém, Jefferson poderá ser beneficiado no julgamento com a aplicação de penas menores, caso os ministros considerem as colaborações que ele teria prestado à Justiça ao revelar a existência do mensalão e detalhar a forma como o esquema funcionava. Condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, o ex-parlamentar refuta o título de delator do mensalão, embora tenha recebido R$ 4 milhões do PT, por meio do esquema capitaneado pelo empresário Marcos Valério, condenado a mais de 40 anos pelo STF.
Advogado de Roberto Jefferson, Luiz Francisco Barbosa afirma que a quantia recebida por seu cliente foi fruto de um acordo entre o PTB e o PT para as eleições municipais de 2004. No começo do julgamento, o defensor fez questão de ressaltar a relevância de Jefferson para a descoberta do caso. "É importante registrar que ninguém sabia disso (do mensalão). Só se sabe disso pela palavra dele (Jefferson)", destacou o advogado, ao fazer a sustentação oral em agosto.
A sessão de hoje, prevista para começar às 14h, vai ser a primeira depois que Joaquim Barbosa assumiu à Presidência da Suprema Corte. A tendência é que os ministros retomem o julgamento, a partir do cálculo da pena do ex-tesoureiro informal do PTB Emerson Palmieri, condenado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, sob a acusação de ter intermediado a propina do mensalão em favor do PTB.
Na sequência, o presidente do STF e relator da Ação Penal 470, Joaquim Barbosa, deve iniciar a análise referente aos cinco ex-deputados federais condenados pelo plenário. Na lista, estão nomes como Roberto Jefferson e o ex-presidente do PP Pedro Corrêa. Caso Joaquim Barbosa não surpreenda, as dosimetrias das penas dos três deputados federais julgados — João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) — tendem a ser as últimas. Provavelmente, ficarão para a quarta-feira ou, caso não haja tempo, para a semana que vem, uma vez que na quinta não haverá sessão, pois será o dia da posse do novo ministro do Supremo, Teori Zavascki.