Título: PSD a um passo do governo Dilma
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 26/11/2012, Política, p. 5

Liderada por Kassab, Legenda comemora aniversário e pleiteia espaço na Esplanada

»PAULODE TARSO LYRA

O PSD de Gilberto Kassab festeja amanhã, em ses­são solene na Câmara dos Deputados, um ano de existência. Prepara o embar­que no governo federal, com su­cessivas reuniões entre seu men­tor, as bancadas no Congresso e os presidentes dos diretórios es­taduais. Criador de um partido nascido para "não ser nem de es­querda nem de centro", Kassab provoca debates acalorados so­bre seus objetivos e estratégias políticas. Ressentido pelo enxu­gamento do DEM — o partido perdeu 40% dos quadros políti­cos para a legenda do atual pre­feito de São Paulo — o presidente nacional da legenda, José Agripino Maia (RN), foi seco. "Eu quero que o Kassab nos esqueça e siga seu caminho", desabafou.

Mesmo os admiradores do pre­feito paulistano admitem sua per­sonalidade ambígua. Recente­mente, o candidato derrotado à prefeitura de São Paulo, José Serra, expressou sua decepção. "Eu per­di a disputa (com Fernando Had- dad) por causa da alta rejeição de Kassab no comando da prefeitu­ra", confidenciou o tucano a um colega de legenda. A revelação é ainda mais surpreendente porque o próprio Serra e os tucanos es­conderam essa análise ao longo da campanha municipal.

A relação Kassab e Serra foi sepultada justamente pelo ím­peto do pessedista em embarcar o mais rápido possível no gover­no federal. "Serra ficou desapon­tado pelo movimento e, mais ainda, pelo timming. O gesto de Kassab foi imediato, a poeira da derrota nem havia abaixado ain­da", reclamou ao Correio um dos coordenadores da campanha tucana em São Paulo.

A decepção poderia ter sido menor se, no início do ano, Kassab tivesse fechado o apoio a Haddad. Ele quase convenceu Lula de que era um petista de carteirinha. Conversaram no instituto do ex-presidente em São Paulo, chega­ram a falar de nomes para a vaga de vice. Em um gesto de suprema ousadia, Kassab, inclusive, foi ao congresso nacional do PT, em Bra­sília. Foi vaiado, mas enfrentou a militância petista de olho na ma­nutenção do poder na principal cidade do país.

Naquela época, os tucanos planejavam realizar uma prévia com candidatos de pouca densi­dade eleitoral. Ao ver que Kassab, com a estrutura de prefeitura e subprefeituras e, principalmen­te, com a possibilidade concre­ta de conseguir no Tribunal Su­perior Eleitoral (TSE) um tempo de televisão considerável, Serra saiu da letargia em que se en­contrava e resolveu candidatar-se a prefeito. Deu a Kassab o dis­curso que ele precisava para, uma vez mais, mudar de lado. "Só havia uma hipótese de eu apoiar o PSDB e não o PT: se Ser­ra fosse candidato. Ele será", re­sumiu ele, explicando aos petistas porque abandonou Haddad no meio do caminho.