Título: Sonho dos brasileiros
Autor: Temóteo, Antonio
Fonte: Correio Braziliense, 26/11/2012, Economia, p. 7

Os imóveis ainda são um dos principais sonhos de consumo de brasileiros de todas as classes. Pesquisa da Consultoria Datastore mostra que 30% da população deseja comprar imóvel a médio prazo (nos próximos 24 meses). Um entre cada quatro cidadãos com renda até seis salários mínimos (25% do total) vai usar o imóvel como investimento ou para moradia futura da família. Dos que ganham acima de seis mínimos, 40% miram nos lucros. Desses, 70% vão revender, e 30%, alugar ou acomodar os filhos.

Para especialistas, a desaceleração dos negócios verificada nos últimos meses não altera o quadro, a médio e longo prazo. “O mercado passa por um período de acomodação e de equilíbrio entre a oferta e a demanda. Na prática, os preços estão se ajustando. As expectativas são boas para 2013, mas os consumidores não vão comprar com a velocidade que se viu em 2010 e 2011. Essa tendência mais lenta deve se manter por, pelo menos, 18 meses”, explicou Marcus Araujo, presidente da Datastore. O freio é natural e decorre da explosão de vendas nos últimos dois anos, disse. Os imóveis comprados naquela época começam a ser entregues agora e colocados à venda com juros mais baixos, concorrendo com os lançamentos.

O cenário, porém, varia com a região. Em São Paulo, a intenção de compra ficou em 28%, em maio (o menor percentual do país), registrando queda de 4%, em relação a julho de 2010. Já em Brasília, o desejo de comprar se manteve em 39% no período. Os mercados mais difíceis são Rio de Janeiro e São Paulo, que tiveram excesso de ofertas. “As melhores oportunidades estão no Nordeste e no Centro-Oeste, que têm índice de natalidade mais alto e maior índice de crescimento econômico regional”, detalha a pesquisa.

O aumento da longevidade e a inserção da mulher no mercado de trabalho passaram, também, a interferir nas dimensões da casa pretendida pelos consumidores. Entre os compradores com renda de 3 a 6 salários mínimos, a maioria (52%) prefere imóvel com três dormitórios e 48%, de dois quartos. Esse público (90%) aceita morar em locais mais distantes. Os com renda acima de 6 salários mínimos almejam mais espaço: 57% querem três dormitórios; 34%, dois; 8%, quatro; e apenas 1% escolhe imóveis com um dormitório.

Os com mais dinheiro no bolso aceitam (50%) morar fora das regiões nobres, desde que contem com comércio e serviços (escola é obrigatório), local verde e tranquilo, equipamentos modernos de segurança e acesso por vias de trânsito mais rápido. Apenas 2% dos consumidores exigem que o imóvel já esteja pronto, e 98% compram na planta.