Correio braziliense, n. 20796 , 30/04/2020. Cidades, p.17

 

Mil nomeados em 4 meses

Walder Galvão

Cibele Moreira

30/04/2020

 

 

CORONAVÍRUS » Convocados têm até 30 dias corridos para tomarem posse. Eles são mais um reforço no combate à Covid-19 no DF. Desde o início da pandemia, 132 profissionais da Secretaria de Saúde foram afastados do trabalho por terem contraído a doença

A rede de saúde pública do Distrito Federal ganhou reforço de mil profissionais nos primeiros quatro meses deste ano. Na última terça-feira, 151 aprovados em concurso foram nomeados, desses 145 são médicos. Os novos servidores têm até 30 dias corridos para serem empossados e darão reforço no combate ao novo coronavírus no DF. Desde o início da pandemia, 132 servidores da área precisaram ser afastados do trabalho por terem contraído a Covid-19.

A data do curso de acolhimento, que é obrigatório, ainda será definida. Esta é a sexta publicação feita no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF) para a contratação de profissionais da saúde em 2020. A maioria é composta por médicos de emergência e médicos da família e comunidade.

Para o secretário de Saúde, Francisco Araújo, todas as nomeações representam um ganho para o fortalecimento do combate à pandemia da Covid-19 no DF. “Há um esforço de gestão para garantir o melhor atendimento à população, e isso passa pelo reforço de mais profissionais na rede pública”, ressaltou.

Ao todo, foram contratados 773 médicos, 152 enfermeiros, 74 especialistas em saúde e um técnico em saúde este ano. As áreas que tiveram o maior reforço foram: emergência, saúde da família e comunidade, anestesia e farmácia. De acordo com a subsecretária de Gestão de Pessoas da Secretaria de Saúde, Silene Almeida, os convocados vão fortalecer a atenção primária, secundária e hospitalar. “De forma que deixe a rede mais robusta e preparada para os grandes desafios, como a pandemia que assola o mundo”, ressaltou.

Diagnósticos

Das pessoas diagnosticadas no DF (1.476) com o novo coronavírus, 933 informaram qual profissão exercem. Do total, 14% são profissionais da saúde. No âmbito da segurança pública, há 143 (15%) pessoas infectadas. Na sexta-feira da semana passada, o governador Ibaneis Rocha (MDB) sancionou lei que prevê testagem para todos servidores da capital a cada 15 dias ou com a frequência que o Executivo entenda a necessidade para o controle de casos. Até o momento, 3.609 funcionários públicos passaram pela análise.

Um enfermeiro da rede privada de saúde da capital, que preferiu não se identificar, contou ao Correio que quatro colegas de trabalho foram infectados pelo novo coronavírus. De acordo com ele, o clima no trabalho está pesado desde o início da pandemia. “Estamos sob muito estresse e preocupados. Seguimos todas as orientações para evitar uma contaminação ao máximo”, afirmou.

Um outro profissional, da área de radiologia do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), que também preferiu manter a identidade em sigilo, conta que os servidores estão aflitos. “Têm vários colegas com medo de trabalhar. Além disso, há todo tipo de situação na unidade, como pessoas, que deveriam estar de repouso, circulando. A cada dia, recebemos notícias de mais colegas de profissão infectados”, lamentou.

Disseminação

Para evitar a propagação do coronavírus, servidores do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) estão hospedados no Hotel Saint Paul, na Asa Sul. Ao todo, 26 profissionais estão instalados na unidade desde 28 de abril. Nos próximos dias, a expectativa é de que mais trabalhadores da Saúde passem a ficar nas acomodações. A medida ainda pode ser estendida para funcionários de outras unidades da capital.

Os critérios de seleção para as hospedagens são: servidores que residem com pessoas em grupo de risco e que estejam em contato direto com os pacientes com Covid-19. A hospedagem faz parte de ações para beneficiar trabalhadores que estão na linha de frente contra a pandemia. O deputado distrital José Gomes (PSB) doou as diárias, pelo prazo de trinta dias. Até o momento, 13 médicos, quatro enfermeiros e nove técnicos de enfermagem estão hospedados. Eles foram selecionados pela direção do hospital, que deu prioridade para aqueles que já estavam em hotéis, mas pagando com recursos próprios.

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

30% das UTIs ocupadas

Walder Galvão

30/04/2020

 

 

Tendo em vista o contínuo aumento de casos e os impactos da retirada de medidas de restrição, a Secretaria de Saúde se mobiliza para suprir a futura necessidade de leitos de internação. Segundo levantamento da pasta, mais de 30% das unidades de terapia intensiva (UTIs) da rede pública da capital estão ocupadas.

Entre os diagnosticados, 38 têm quadro clínico considerado grave e estão internados em UTI. Hoje, há 122 leitos desse tipo reservados para pacientes da Covid-19. Por meio de nota oficial, a Secretaria de Saúde informou que estão previstos mais 86 leitos no Hospital da Polícia Militar; 70, no Hospital Regional da Santa Maria; 10, no hospital de campanha da Papuda e 25, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Núcleo Bandeirante. A pasta não deu previsão de quando eles ficarão prontos.

Os respiradores são essenciais para a abertura de novos leitos. Segundo a pasta, o Governo do Distrito Federal (GDF) pretende comprar 300 aparelhos desse tipo. Além disso, a Universidade de Brasília (UnB), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), trabalha na recuperação de mais 150.

Outros itens essenciais são os equipamentos de proteção individual (EPIs). No início da pandemia, profissionais de saúde reclamavam da escassez desses artigos, entretanto, a pasta informou ao Correio que “há material suficiente em estoque para abastecer a rede”. Segundo a Secretaria, 1,5 milhão de máscara foram distribuídas desde o começo da crise.