Título: Comunidades locais fortalecem REED+
Autor: Melo, Max Milliano
Fonte: Correio Braziliense, 26/11/2012, Ciência, p. 16

Uma das formas consideradas mais importantes para frear a degradação ambiental no mundo é a Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação, mais conhecida pela sigla REED+. Por meio dela, países ricos podem financiar a preservação de florestas em nações em desenvolvimento e contabilizar os benefícios causados na sua conta ambiental. Em outras palavras, se um país europeu emitir muito carbono, mas impedir que o gás seja lançado na atmosfera ao evitar o desmatamento na Ásia ou na Amazônia, pode considerar que a segunda ação compensou a primeira.

O primeiro grande estudo a analisar tanto os aspectos sociais quanto ambientais do mecanismo será divulgado formalmente na COP18, em Doha. Elaborada pela União Internacional de Organizações de Pesquisa Florestal (IUFRO), com a participação de centenas de pesquisadores ao redor do mundo, a pesquisa Política florestal: Não devemos ter que escolher entre carbono e criaturas descobriu que as populações locais, como indígenas e grupos tradicionais, têm um papel fundamental na efetividade do REED.

"Descobrimos que, quando as populações são levadas em consideração, o REED é muito mais eficiente, sustentável e duradouro", explica Bernardo Strassburg, do Instituto Internacional de Sustentabilidade (IIS) e um dos autores da pesquisa. Segundo o levantamento, outro ponto fundamental para o sucesso de ações de REED é o respeito à biodiversidade. "Quando comunidades e biodiversidade são beneficiadas, a proteção das florestas aumenta", comenta.

Isso, infelizmente, não é sempre levado em conta. "Não é o caso do Brasil, mas, no passado, antes mesmo de o REED ter esse nome, já houve situações em que reservas foram criadas e as comunidades locais expulsas dali", conta o pesquisador brasileiro. Nesses casos, além da desestabilição dos grupos, a criação de zonas de proteção se mostrou ineficaz na hora de cumprir seu principal papel: manter as florestas de pé.