O globo, n. 31636, 19/03/2020. Especial Coronavírus, p. 17

 

850 milhões sem aula, diz unesco

19/03/2020

 

 

Escolas fechadas afetam metade dos alunos no mundo

Metade dos estudantes do mundo estão sem aulas devido à pandemia do novo coronavírus. Isso significa mais de 850 milhões de crianças e adolescentes em casa, por causa do fechamento de escolas. O anúncio foi feito ontem pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Com o fechamento total de escolas e universidades em 102 países e o fechamento parcial em outros 11 em consequência da pandemia, o número de estudantes sem aulas dobrou em quatro dias e deve continuar aumentando, destacou a Unesco em comunicado.

— Isto impõe aos países desafios imensos para poder proporcionar um aprendizado ininterrupto a todas as crianças e jovens de maneira equitativa — afirmou a diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay.

Como resposta imediata ao fechamento das escolas, a Unesco criou um grupo de trabalho para proporcionar assessoria e assistência técnica aos governos, anunciou a instituição, que tem sede em Paris. A agência também está organizando reuniões virtuais periódicas com os ministros da Educação de todo o mundo para compartilhar experiências e avaliar as necessidades prioritárias.

UNIVERSIDADES À DISTÂNCIA

Ontem, o Ministério da Educação (MEC) publicou uma portaria que regulamenta a substituição de aulas presenciais por ensino à distância pelas instituições de ensino superior, enquanto durar a pandemia de coronavírus.

Segundo a portaria, o recurso prevê o limite de 30 dias que precisa ser prorrogado dependendo das orientações do Ministério da Saúde e órgãos sanitários nos estados.

O MEC excluiu cursos de Medicina da permissão. Estágios e práticas em laboratório também não podem ser feitos à distância. A regra define ainda que caberá às universidades definir quais disciplinas poderão ser substituídas por educação à distância (EAD), assim como disponibilizar as ferramentas necessárias para que o conteúdo possa ser transmitido virtualmente.

Aportaria do M EC permite ainda a suspensão de atividades acadêmicas durante os mesmos 30 dias. Nesse caso, determina que as atividades sejam totalmente repostas depois. Também é permitido que as instituições antecipem as férias, desde que reponham o conteúdo depois.

A Associação de Mantenedoras de Ensino Superior, que representa universidades do setor privado, identificou que já há interrupção de aulas nessas instituições em todos os estados do país devido ao novo coronavírus.

O MEC também divulgou ontem as regras para os bolsistas que estão no exterior. Segundo o comunicado da Capes, o aluno poderá voltar antes do fim do benefício ao Brasil caso esteja em alguma instituição com aulas suspensas.

DO BOLSO

Neste caso, a bolsa será interrompida e, caso o estudante deseje retornar após a normalização das aulas, deverá pagar as passagens do próprio bolso, e a Capes retornará o pagamento das bolsas.

Quem desejar ficar no país com a transmissão da doença, precisa comprovar que possui seguro-saúde. “A decisão de permanência é de inteira responsabilidade do bolsista”, informa a agência do MEC.

Já os bolsistas cujo auxílio se encerraria em março de 2020 e que estejam em países com fronteiras fechadas poderão prorrogar o pagamento da bolsa em até 60 dias. O beneficiário, no entanto, deverá procurar a coordenação para isso.

“A Capes não está mais autorizando viagem de bolsistas ou pesquisadores. As bolsas estão suspensas e deverão ser remarcadas, quando a normalidade for restabelecida. Aos bolsistas que ainda não viajaram, a Coordenação solicita que aguardem o recebimento de novos avisos”, afirma a agência.