Título: Piora na função renal
Autor: Chaib , Julia
Fonte: Correio Braziliense, 18/11/2012, Brasil, p. 14

O quadro de saúde de Oscar Niemeyer, 104 anos, agravou-se desde a noite de sexta-feira. De acordo com o boletim médico divulgado na tarde de sábado pelo Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, onde o arquiteto está internado, ele teve piora na função renal e o estado clínico, até as 21h, requeria cuidados. Segundo o médico Fernando Gjorup, Niemeyer continua na Unidade Intermediária de Tratamento Semi-intensivo, está lúcido e faz fisioterapia respiratória. O arquiteto, hospitalizado há 16 dias, segue sem previsão de alta. Na sexta-feira, ele sofreu uma hemorragia digestiva, que foi controlada no mesmo dia. Amigo de Oscar Niemeyer e ex-secretário de Cultura do Distrito Federal, Silvestre Gorgulho conversou ontem à tarde com a esposa do arquiteto, Vera Niemeyer. Na ligação, Vera disse a Gorgulho que o arquiteto estava bem, “na medida do possível” para a idade avançada dele. Ela não chegou a mencionar a piora renal. O ex-secretário de Cultura do DF, entretanto, disse ter ficado um pouco apreensivo com a notícia do agravamento do quadro de saúde. “O rim era o que mais preocupava. Vera não falou muito sobre o assunto, só que estava tudo bem. Na idade dele, a situação é complicada. Contudo, a família e os outros que o acompanham estão otimistas”, completou Gorgulho.

Embora tenham falado brevemente sobre a saúde de Niemeyer, o motivo da ligação de Vera foi outro: trabalho. Mesmo internado, Oscar Niemeyer pediu à mulher que ligasse para Gorgulho para tratar de projetos do arquiteto. “Vera ligou para falarmos sobre a revista Nosso caminho, criada por ela e Niemeyer em 2008. A próxima edição sairá em dezembro e homenageará o ex-ministro da Cultura da França André Malraux”, contou. A revista sairá no mesmo mês em que Niemeyer completará 105 anos.

O arquiteto quer incluir na próxima publicação o discurso feito por Malraux quando o francês conheceu Brasília, em 1959, um ano antes da inauguração da cidade. “Malraux era um grande admirador de Niemeyer. Ele dizia que as colunas do Palácio da Alvorada eram as mais originais que ele já havia visto no mundo. Além disso, foi Malraux que apelidou a futura capital de ‘Brasília: capital da esperança’”, ressaltou Gorgulho. Niemeyer integra o conselho editorial da revista Nosso caminho, que tem o intuito de incentivar a leitura — sobretudo entre os jovens — de assuntos como artes plásticas, política, literatura, ciências e arquitetura, entre outros temas.

Niemeyer tem pelo menos 20 projetos em vários países. O trabalho mais importante, no momento, é a construção de um centro cultural no Marrocos. Ele ganhou o prêmio Pritzker, considerado o Nobel da arquitetura, em 1988. Símbolo da vanguarda e da crítica ao conservadorismo de ideias e projetos, ele é apontado como um dos mais influentes na arquitetura moderna mundial.

Histórico O arquiteto deu entrada no Hospital Samaritano em 2 de novembro com quadro de desidratação. Em entrevista coletiva no hospital no último domingo, o médico responsável pelo tratamento de Niemeyer, Fernando Gjorup, informou que a função renal ainda não estava normal. O médico ressaltou ainda que o arquiteto já esteve internado em condições piores. Em abril de 2011, ele retirou a vesícula e um tumor no intestino.

Esta é a terceira internação de Niemeyer em 2012. No mês passado, ele foi hospitalizado com problemas renais e desidratação. Teve alta após duas semanas. Em maio, uma pneumonia agravada por uma desidratação também o levou ao Hospital Samaritano. Foram 16 dias, sendo 10 em uma unidade intermediária, com tratamento antibiótico por via venoso e soro reidratante. Em abril de 2011, ele retirou a vesícula e um tumor no intestino.

"O rim era o que mais preocupava. Na idade dele, a situação é complicada. Contudo, a família e os outros que o acompanham estão otimistas" Silvestre Gorgulho, ex-secretário de Cultura do DF