Correio braziliense, n. 20800 , 04/05/2020. Mundo, p.13

 

Trump: vacina até o fim do ano

04/05/2020

 

 

Presidente diz estar confiante de que os Estados Unidos terão a imunização ainda em 2020. Declaração marca a retomada da campanha eleitoral dele, interrompida devido à pandemia da Covid-19. País supera os 67.600 mortos pela doença. Casos são mais de 1,15 milhão

O presidente Donald Trump disse, ontem, que os Estados Unidos terão uma vacina contra o coronavírus até o fim deste ano. A declaração foi feita em um programa da Fox News transmitido do Lincoln Memorial, em Washington, D.C. A entrevista marcou a retomada da campanha eleitoral do chefe de Estado, suspensa devido à crise da Covid-19. Ele afirmou, também, que pedirá a reabertura de escolas e universidades em setembro: “Eu as quero de volta”.

A previsão da vacina é discutida enquanto os Estados Unidos e outros países correm para ser o primeiro a descobrir uma maneira de prevenir a Covid-19. Trump admitiu que ficará feliz mesmo que outra nação passe à frente dos pesquisadores americanos na descoberta da imunização. “Se for outro país, vou tirar meu chapéu. Eu não me importo, só quero receber uma vacina que funcione”, ressaltou.

Questionado sobre os riscos durante os testes em seres humanos, em um processo de pesquisa que está sendo muito mais rápido do que o comum, Trump disse que “eles são voluntários, sabem no que estão se metendo”. O presidente pareceu reconhecer que se antecipou a seus conselheiros na previsão da vacina. “Os médicos dirão ‘você não deveria dizer isso’, mas vou dizer o que penso”, frisou.

As novas mortes por coronavírus nos Estados Unidos aumentaram em 1.450 nas últimas 24 horas, segundo um relatório da Universidade Johns Hopkins de ontem, elevando o número total de óbitos para mais de 67.600. A universidade de Baltimore registrou mais de 1,15 milhão de casos no país às 20h30 (horário local) de ontem, com 67.674 mortes. A nação tem, de longe, o maior número no mundo no contexto de pandemia global.

Corrida

Centenas de trabalhos de pesquisa estão em andamento em todo o mundo para encontrar uma vacina, a única maneira possível de retornar ao “normal”, de acordo com a Organização das Nações Unidas. Os líderes europeus, por exemplo, apoiaram a iniciativa de Bruxelas de arrecadar 7,5 bilhões de euros com o objetivo de descobrir uma forma de imunização. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, esboçou, na sexta-feira, o plano de captação de recursos para pesquisas científicas para combater a Covid-19. Uma conferência on-line sobre o assunto será realizada hoje.

O primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte; o presidente francês, Emmanuel Macron; e a chanceler alemã, Angela Merkel, apoiaram a iniciativa em uma carta aberta publicada nos jornais neste fim de semana. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, e a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, também assinaram a carta, na qual os líderes expressaram seu apoio à Organização Mundial da Saúde, que os Estados Unidos têm criticado fortemente por sua gestão de crises.

Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Noruega, Arábia Saudita e a Comissão Europeia sediarão a conferência juntos, que faz parte de uma campanha internacional de vários meses para arrecadar fundos, antes da Cúpula Mundial de Vacinas, em 4 de junho.

Frase

“Se for outro país, vou tirar meu chapéu. Eu não me importo, só quero receber uma vacina que funcione”

Donald Trump, presidente dos EUA

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Pompeo faz acusações à China

04/05/2020

 

 

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, reforçou, ontem, a campanha para responsabilizar a China pelo novo coronavírus. De acordo com ele, o surto teve origem em um laboratório de Wuhan, cidade onde começou a pandemia. “Há uma enorme quantidade de provas de que foi ali que teve início”, disse à rede ABC, sem comentar se acredita que o vírus tenha sido solto intencionalmente. O Instituto de Virologia de Wuhan afirma ser impossível que a pandemia tenha surgido a partir de uma falha em suas instalações.

O presidente Donald Trump criticou, em diferentes ocasiões, o papel do gigante asiático na pandemia. Segundo ele, Pequim reteve informações importantes sobre o surto, exigindo que o governo chinês seja considerado “responsável”.

As primeiras versões colocam o início da pandemia em um mercado de Wuhan que vende animais exóticos, como morcegos, mas Washington agora diz que a epidemia se originou em um laboratório de pesquisa de vírus nas proximidades.

Pompeo declarou à ABC que compactuava com uma declaração da Inteligência americana na quinta-feira, que disse concordar “com o amplo consenso científico de que o vírus da Covid-19 não foi criado pelo homem nem geneticamente modificado”. Ele foi além de Trump, porém, citando “enormes” evidências de que o vírus se espalhou do laboratório de Wuhan. “Acho que todos podem ver isso agora. Lembre-se: a China tem uma história de infectar o mundo, de administrar laboratórios de baixa qualidade”, afirmou.

O chefe da diplomacia disse que a China tentou, inicialmente, minimizar o coronavírus com “um esforço clássico de desinformação comunista (e) que criou um risco enorme”. “O presidente Trump é muito claro: faremos os responsáveis prestarem contas disso”, concluiu.

As declarações de Pompeo são feitas no momento em que o jornal australiano The Saturday Telegraph informa que a China suprimiu ou destruiu deliberadamente provas sobre o surto, em um “ataque à transparência internacional” que custou dezenas de milhares de vidas.