Título: PSB enfrenta mais uma baixa
Autor: Paganini, Arthur
Fonte: Correio Braziliense, 19/12/2012, Cidades, p. 25

Desde que deixou a base do governo, a legenda perdeu seis nomes de peso. O presidente da Fibra foi último a anunciar a decisão A decisão do Partido Socialista Brasileiro (PSB) de deixar a base do governo — tomada há 10 dias — desencadeou uma onda de desfiliações, que deve continuar durante as próximas semanas. O último nome de destaque a desembarcar da legenda é o do presidente da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra-DF), Antônio Rocha. Outros cinco integrantes do mais alto escalão do governo também abandonaram o partido. Conforme o Correio apurou, novas cartas de desfiliações estão prontas para serem anunciadas em breve.

Segundo as contas do próprio partido, o PSB tem 60 cargos no GDF, mas o número chega às centenas, se contadas as indicações pessoais que integrantes da legenda puderam fazer durante a formação da equipe do governo. Depois da reunião do último dia 8, em que a saída da base foi sacramentada com a aprovação de 85% dos militantes, a direção executiva da legenda definiu de que forma os socialistas deixariam o barco comandado pelo governador Agnelo Queiroz (PT).

A resolução foi dirigida aos detentores de cargos de primeiro e segundo escalões do GDF, como secretários de governo, diretores ou presidentes de empresas estatais e administradores regionais. Aos demais, como assessores e ocupantes de cargos de natureza especial (CNEs), a determinação foi a mesma, com a possibilidade de permanecerem nos respectivos cargos até 31 de dezembro.

Desde a saída do PSB do governo até a noite da última segunda-feira, cinco socialistas de primeiro escalão haviam se posicionado contra a decisão colegiada e anunciado desfiliação da legenda. São eles: o ex-secretário de Agricultura Lúcio Valadão; o secretário de Turismo, Luís Otávio Neves; o presidente da Central de Abastecimento do DF (Ceasa-DF), Wilder Santos; o presidente do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Gastão Ramos; e o diretor-extraordinário de Regularização de Terras Rurais da Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap), Moisés Marques. Filiado desde 2009, Antônio Rocha foi o último a anunciar a desfiliação.

"Eu não tenho histórico de filiação política. Me filiei apenas atendendo um pedido do senador Rodrigo Rollemberg e do governador, Agnelo Queiroz, que projetavam uma proposta de desenvolvimento naquela época de campanha, da qual eu faria parte à frente da Fibra. Dentro dessa parceria que se rompeu, achei que não haveria mais sentido continuar filiado, até porque pouco participei das decisões e reuniões do PSB", afirmou.

O sistema Fibra compreende os serviços nacionais da Indústria (Sesi), de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Essas iniciativas são promovidas por empresários do ramo industrial com o objetivo de prestar serviços sociais, de qualificação e de educação, cultura e lazer nos mercados em que estão inseridos. O sistema representa 10,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do DF.

Influência

Interlocutor estratégico para a formação de qualquer governo, o empresariado organizado tem forte influência nas decisões políticas, mas o normal é que filiações como a de Antônio Rocha não aconteçam. Empresário do ramo do vestuário há mais de 20 anos, Márcio Franca ressalta as nuances das relações entre política e empresas. "Diferentemente dos sindicatos laborais, as entidades de classe, como a Fibra, preferem que seus dirigentes não façam parte de partidos justamente para se evitar qualquer situação delicada, na qual eles tenham que decidir entre apoiar uma postura político-partidária ou uma determinação de interesse da sua classe", diz.

O presidente regional do PSB, Marcos Dantas, foi procurado pela reportagem para comentar o assunto e disse, por meio da assessoria de imprensa, que "o ato de algum membro do partido se desfiliar é pessoal e deve ser respeitado". Além da legenda, o PDT e o PPS desembarcaram do governo.

Performance O resultado das urnas nas eleições municipais de outubro passado fez do PSB um dos grandes vitoriosos em comparação aos maiores partidos políticos, entre eles PT, PMDB, DEM e PSDB. No segundo turno, a sigla levou seis das sete prefeituras que disputou, entre elas três capitais (Cuiabá, Fortaleza e São Paulo). No primeiro, já havia saído vencedora em Belo Horizonte e Recife, derrotando justamente o PT, da presidente Dilma Rousseff e do governador Agnelo Queiroz.