Correio braziliense, n. 20801 , 05/05/2020. Brasil, p.7

 

Nove estados reúnem 89% das mortes no país

Bruna Lima

Maíra Nunes

05/05/2020

 

 

CORONAVÍRUS » Epicentro da Covid-19, São Paulo apresentou 280% de aumento no número de óbitos em um mês, passando de 31 para 118 registros por dia. Com 363 pessoas infectadas ou suspeitas na fila da UTI, Rio de Janeiro vê número de casos confirmados saltar

Epicentro da pandemia do novo coronavírus no Brasil, o estado de São Paulo registra 32.187 casos confirmados e 2.654 mortes, segundo dados do Ministério da Saúde, sendo 20.073 de moradores da capital (62%). No país, o total de casos é de 107.780 e as mortes somam 7.321. Em abril, a média de mortes diárias confirmadas em São Paulo cresceu 280%, se comparada ao mês anterior, passando de 31 óbitos por dia para média de 118. As comparações também indicam que, na última semana, houve 10.491 novas confirmações, o que equivale a uma média diária de quase 1.498 novos casos. Na última semana de março, a média era de 403 confirmações por dia.

Com maior número de óbitos, nove estados estão na lista de prioridades do Ministério da Saúde. São eles: São Paulo (2.654), Rio de Janeiro (1.065), Ceará (712), Pernambuco (691), Amazonas (584), Pará (330), Maranhão (249), Bahia (141) e Espírito Santo (122). As unidades federativas concentram 6.548 mortes, ou seja, 89% dos óbitos no Brasil. Desde o início da pandemia no Brasil, a região Sudeste é a detentora do maior número de casos confirmados, com 49.481 pacientes diagnosticados. Em seguida estão o Nordeste, com 33.598 casos; o Norte, com 15.662; Sul, 5.792; e Centro-Oeste, 3.247.

Como tentativa de frear a transmissão do vírus, o governador de São Paulo, João Doria, decretou que, a partir desta quinta-feira, o uso de máscaras será obrigatório em qualquer espaço público do estado. Desde ontem, a obrigatoriedade do equipamento já existia em transporte público. A iniciativa deve-se também ao aumento de pessoas internadas nos últimos dias em todo a unidade federativa, chegando a 3.272 internações em unidades de terapia intensiva (UTIs) e 5.150, em enfermarias. A taxa de ocupação de leitos de UTI está em 67,9%, no estado, e 88,8%, na Grande São Paulo. Segundo Doria, o país enfrenta hoje a “fase mais dura e mais difícil dessa pandemia”.

A fiscalização da regra ficará a cargo de cada uma das 645 prefeituras, que vão determinar, em cada município, como vigiar e punir em caso de descumprimento. As cidades terão de editar decretos complementares. Na capital, essa definição deve ser publicada na véspera da entrada em vigor da medida. “A gente deve definir se a fiscalização será feita pela Guarda Civil Metropolitana ou pelos fiscais das subprefeituras, se a multa será aplicada sobre pessoas ou estabelecimentos que permitem a entrada sem máscaras”, disse o prefeito Bruno Covas.

Beira do colapso

Ontem, 363 pessoas infectadas pela Covid-19 ou suspeitas aguardavam leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) da rede hospitalar do estado do Rio de Janeiro. A estatística foi divulgada pela secretaria estadual de Saúde. No estado do Rio, a ocupação é de 84% dos leitos de UTI e de 74% dos leitos de enfermaria, segundo a secretaria estadual de Saúde. Ao todo, 2.266 pacientes estão internados na rede estadual.

A rede municipal de saúde do Rio, no entanto, está com praticamente todos os leitos destinados ao tratamento da Covid-19 ocupados. Só restavam desocupados, ontem, 2% dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) reservados para vítimas de coronavírus na rede pública da capital fluminense, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. A ocupação chegou a 98% dos leitos de UTI e 91% dos leitos de enfermaria. “Há três leitos (de UTI) disponíveis na central de regulação unificada para transferência de pacientes que aguardam na fila de espera das unidades municipais, estaduais e federais”, afirma a pasta municipal.

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Brasil chega a 107 mil casos confirmados

Bruna Lima

Maria Eduarda Cardim

05/05/2020

 

 

O Brasil registrou 296 mortes decorrentes do novo coronavírus nas últimas 24 horas, segundo informações atualizadas pelo Ministério da Saúde. Com isso, o total oficial de vítimas da doença no país chegou a 7.321. Até domingo, eram 7.025. O número total de casos confirmados passou de 101.147 para 107.780, um acréscimo de 6.633 casos de um dia para o outro, incremento de 7%. O Amazonas tem 7.242 casos confirmados e 584 mortes. A unidade federativa com a maior taxa de mortalidade no país foi a primeira a receber a visita do ministro Nelson Teich.

Com agenda concentrada em visitar unidades de saúde e se reunir com gestores e profissionais da área, Teich passou o dia de ontem focado em se familiarizar com a situação de Manaus e do estado, que possui o maior percentual de mortos por 1 milhão de habitantes. A taxa está em 141, quase seis vezes maior que a média nacional (25,85). A taxa de incidência está em 1.764 e só perde para o Amapá, com 2.049 de índice.

“A nossa meta é fazer com que esse serviço seja cada vez melhor e mais eficiente para o paciente. Temos que fazer isso com velocidade e um trabalho de time”, disse o ministro, após se reunir com o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto. Na semana passada, o estado chegou a registrar ocupação em 96% dos leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) ocupados para pacientes da Covid-19 e ganhou destaque negativo após acumular filas de corpos nos corredores de hospital.

Para comportar o aumento de mortes, foram instalados contêineres frigoríficos. O sistema funerário de Manaus também foi afetado, com um aumento de 30 para 100 enterros diários. Os corpos passaram a ser enterrados em valas comuns. “Queremos ajuda para tocar o que estamos fazendo, tanto na assistência básica de saúde, quanto na assistência de alta complexidade. Nós não temos 100% de acerto e sabemos disso, mas o saldo que temos em salvar vidas ou perdê-las é muito satisfatório”, opinou o prefeito Arthur Virgílio.

Entre as ações já anunciadas para auxiliar o Amazonas estão a ampliação da oferta de testes de diagnóstico e o apoio a pesquisas para desenvolvimento de novas tecnologias para enfrentamento à doença. Além disso, o estado recebe um reforço de 267 profissionais de saúde, contratados pelo Ministério da Saúde, para atuar no enfrentamento à Covid-19. A contratação é temporária, por até seis meses, e remunerada de acordo com o salário-base de cada categoria. Mesmo com dificuldade em equilibrar os atendimentos em meio à crise, Teich avaliou positivamente o atendimento nos hospitais de Manaus e ponderou: “Não é um problema só de Manaus, é um problema do Brasil e de todo mundo”.