Título: R$ 1,4 trilhão em consumo
Autor: Bancillon, Deco
Fonte: Correio Braziliense, 13/12/2012, Economia, p. 18

Classe C do Brasil alcançará o mesmo volume de gastos das camadas A e B juntas. Dado foi apresentado em evento realizado no Correio»

A classe média brasileira deve alcançar, em 2012, o potencial de consumo da parcela mais rica da população. Ao todo, as despesas da classe C totalizarão R$ 1,4 trilhão, o mesmo valor das camadas A e B juntas. Os números fazem parte de um estudo divulgado, ontem, pelo ministro da Secretaria de Assuntos Especiais (SAE) da Presidência da República, Wellington Moreira Franco, um dos palestrantes do Fórum Novo Brasil — Desvendando a Classe Média. O evento foi realizado em parceria com o Correio, o instituto de pesquisa Data Popular e a agência de comunicação Monumenta.

Em 2011, a classe C gastou o equivalente a R$ 1 trilhão. Com isso, superou o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) de várias economias em desenvolvimento. Como exemplo, Moreira Franco citou um estudo, preparado pelo governo, que coloca essa parcela da população em posição de destaque no cenário mundial. “Caso fosse um país, a classe média brasileira estaria em oitavo lugar no G-20 do consumo mundial”, comparou. A frase do ministro remete ao ranking dos 20 países mais ricos do mundo, do qual o Brasil ocupa, atualmente, a sexta posição.

Um dos palestrantes no evento, o diretor para a Região Centro-Oeste da operadora de telefonia TIM, Leonardo Queiroz, ressaltou que é justamente o forte poder de compra da classe média que fez muitas multinacionais mudarem o foco dos negócios no país. “A gente, na TIM, teve que mudar tudo em termos de estratégia comercial”, disse. Há três anos, a maior parte dos produtos lançados pela empresa no Brasil tinha como alvo principal os clientes das classes A e B. “Hoje é o contrário”, contou o executivo.

O mesmo ocorreu com o mercado de tecnologia. Para atrair mais clientes, os hipermercados passaram a comercializar televisores, celulares e até computadores. Com a maior concorrência, os preços desabaram. Nessa toada, quem ainda apostava apenas na venda tradicional de itens de informática teve de rever o modelo da operação.

“Foi o caso da Ctis Digital”, disse ontem o presidente para a Área de Varejo da empresa, Ricardo Monteiro. Apostando cada vez mais no atendimento qualificado e na prestação de serviços, a rede conseguiu manter as vendas mesmo sem apostar em uma política agressiva de preços. “Mostramos ao cliente que o importante é comprar certo, com garantia de venda e instalação feita por um profissional”, explicou.