Correio braziliense, n. 20808 , 12/05/2020. Mundo, p.14

 

Israel adia posse do novo governo

12/05/2020

 

 

ORIENTE MÉDIO » Visita do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, posterga juramento do premiê Benjamin Netanyahu e do rival Benny Gantz. Chefe da diplomacia de Washington discutirá plano de paz de Donald Trump para a região

O novo governo de unidade de Israel — formado pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, e pelo rival Benny Gantz — prestará juramento na quinta-feira, e não amanhã, como estava previsto. O adiamento ocorreu em função da visita do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, ao Oriente Médio. Um porta-voz do Partido Likud, de Netanyahu, confirmou à agência France-Presse (AFP) que o adiamento foi decidido, devido à visita do chefe de diplomacia de Washington.

Pompeo deve se reunir com Netanyahu e Gantz para debaterem a pandemia do novo coronavírus, a influência regional do Irã e o plano americano para a solução do conflito israelo-palestino, aplaudido pelos judeus e rechaçado pelos árabes. O projeto, anunciado pelo presidente Donald Trump, prevê, em especial, a anexação por Israel de partes da Cisjordânia — território palestino ocupado desde 1967 pelo Estado hebreu.

Pompeo será uma das primeiras autoridades das grandes potências a retomar as viagens internacionais, apesar da pandemia da covid-19. Washington multiplicou gestos de apoio a Israel depois da chegada de Trump à Casa Branca, que reconheceu Jerusalém como a capital de Israel e a soberania de Israel nas Colinas do Golã na Síria.

Netanyahu foi encarregado de formar um governo de união com Gantz para selar o fim da mais longa crise política da história de Israel, após três eleições em menos de um ano. Diante do impasse e da crise do novo coronavírus, Gantz, que era então o líder da oposição, propôs, para surpresa de todos, formar um governo com Netanyahu, apesar do indiciamento deste último por corrupção, quebra de confiança e malversação em uma série de casos. Ao viajar para Jerusalém, Pompeo se tornou uma das primeiras autoridades do alto escalão de uma grande potência a retomar os deslocamentos internacionais, apesar da pandemia.

Empréstimo

Israel transferirá 800 shekels (cerca de R$ 1,3 bilhão) para a Autoridade Palestina, a fim de compensar a perda de sua renda provocada pela crise do novo coronavírus, informou uma autoridade israelense. Segundo o funcionário, o Ministério das Finanças da Palestina solicitou um empréstimo no mês passado e os serviços de segurança israelenses o aprovaram. A entrega da quantia será feita em quatro parcelas, a partir de junho, para apoiar a economia palestina, disse a autoridade à AFP, sob condição de anonimato.

 Israel recolhe e transfere milhões por mês em impostos e taxas alfandegárias para os palestinos sobre produtos importados por palestinos e que transitam pelos portos de Israel. Desde fevereiro de 2019, Israel reteve uma parcela dos impostos dos palestinos, que alega corresponder a benefícios pagos pela Autoridade Palestina a famílias de palestinos presos ou mortos por terem cometido ataques contra Israel.