Título: Ideias para uma vida melhor
Autor: Paiva, Ana Paulo
Fonte: Correio Braziliense, 05/12/2012, Política, p. 7

Governador recebe as sugestões do projeto Pensar Brasília e critica o Iphan por proibir eventos na Esplanada

Ogovernador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, recebeu ontem das mãos do presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa, o relatório final do Projeto Pensar Brasília-Qualidade de vida. Contendo propostas discutidas em cinco seminários sobre as áreas de transporte, educação, habitação, sustentabilidade e desenvolvimento econômico, o documento, segundo o chefe de governo do Distrito Federal, servirá como base de futuras políticas públicas para a capital da República.

A cerimônia de encerramento ocorreu ontem à noite no plenário da Câmara Legislativa. O presidente da Casa, deputado Patrício (PT), abriu a sessão. O presidente dos Diários Associados, Álvaro Teixeira da Costa, ressaltou que o Correio é o ponto de convergência natural das dificuldades que a comunidade enfrenta e que o projeto Pensar Brasília serviu para discutir várias questões de elevada importância para a cidade. No entanto, frisou que "ficou faltando uma discussão ampla sobre a saúde, segurança e sobre trabalho e formação profissional", afirmou Álvaro Teixeira da Costa. "Nós temos que dar continuidade a esse projeto com esses temas."

O presidente dos Diários Associados ainda ressaltou que o DF serve de exemplo para o país em diversas áreas, como educação, e que começa a acertar algumas deficiências. "O projeto feito para o setor de transportes irá trazer excelentes resultados num futuro próximo", afirmou.

O governador, ao receber o documento, agradeceu o que considerou uma importante contribuição do Correio para a capital da República. "Colocar temas como esse na ordem do dia ajuda muito a cidade e os gestores a desenvolver e planejar o Distrito Federal", afirmou. Em seu discurso de encerramento, o presidente da Câmara Legislativa, deputado Patrício, destacou: "Na verdade, este relatório traz a oportunidade para que essas propostas tornem-se projetos de lei que atendam a sociedade e o Distrito Federal".

"Cidade soberana" Agnelo aproveitou o evento para criticar duramente o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). "Muita gente acha que uma cidade tombada é uma cidade intocável, é uma cidade que ninguém pode modificar. Isso é um erro muito grave", afirmou. "Uma cidade tombada é viva, dinâmica, para que seu povo tenha qualidade de vida e viva bem."

Para o governador, é possível conciliar desenvolvimento econômico e a condição da cidade como patrimônio cultural da humanidade. "Até os órgãos de fiscalização se confundem nisso", afirmou. "O Iphan quer dar ordem na Esplanada, impedir que lá se façam eventos. Isso é um absurdo completo. Aqui é uma cidade soberana, onde o povo elege os seus representantes e jamais vamos permitir que se metam na governabilidade da cidade. Podem fiscalizar, que seremos os principais escudeiros e defensores do patrimônio, mas não vamos aceitar que um burocrata venha impedir a realização da manifestação religiosa de Corpus Christi na Esplanada", disse o governador.

Segundo Agnelo, a ação do Iphan é inaceitável. "Entre uma manifestação religiosa do nosso povo e um burocrata desses, vou ficar com a manifestação religiosa. Ele que será decretado como uma persona non grata na nossa cidade. Corpus Christi vai acontecer na Esplanada como sempre, porque é um direito do povo."

Para levantar propostas para o futuro da cidade, o projeto Pensar Brasília reuniu representantes do governo, da academia e da sociedade. Segundo o governador, esta união rendeu ricas discussões que contribuirão para o futuro da capital do país. Agnelo também lembrou que grandes cidades mundiais sacrificaram o meio ambiente para crescerem economicamente e que Brasília quer provar o contrário. "Manter uma excelente qualidade de vida é um instrumento poderoso para atrair investimentos e desenvolvimento econômico", acentuou.

"Muita gente acha que uma cidade tombada é uma cidade intocável, é uma cidade que ninguém pode modificar. Isso é um erro muito grave" Agnelo Queiroz, governador do Distrito Federal