Título: Corrida para tentarsalvar o PIB de 2013
Autor: Martins, Victor
Fonte: Correio Braziliense, 16/12/2012, Economia, p. 16

Depois de um 2012 ruim para o governo, integrantes da equipe econômica estão tomando doses pesadas de otimismo para fazer de 2013 o ano da virada da administração Dilma Rousseff. A expectativa é de que os investimentos produtivos — hoje, o grande nó do país — cresçam 8% no ano que vem, o dobro da previsão oficial do Ministério da Fazenda para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), de 4%.

Os técnicos entendem que este foi um ano de “transição” e garantem que o governo trabalhou os últimos 12 meses para desintoxicar a economia, contaminada por uma crise de confiança gerada pelos graves problemas na Europa e nos Estados Unidos e pela postura mais intervencionista do Estado.

Apesar desse discurso, o Palácio do Planalto ainda não endossa nem a recuperação dos investimentos nem a estimativa de crescimento de 4% para o PIB. Não à toa, Dilma já enviou recados a seus auxiliares que vai cobrar resultados mais concretos das medidas de estímulo à atividade anunciada pelo governo. Mais que isso: quer que o próximo ano seja recheado de pacotes viáveis — não meras promessas — com o objetivo de devolver a competitividade à economia.

Recados de Dilma

A presidente não esconde a satisfação com o seu elevado índice de popularidade, mas sabe que mais um ano de crescimento pífio da economia pode lhe custar caro em 2014, quando deve disputar a reeleição. Os avisos de Dilma, por sinal, vieram acompanhados de sinais de que ninguém está seguro em suas funções. Mudanças de cargos são desgastantes, porém, em casos de constatada ineficiência, serão feitas sem piedade.

O diagnóstico da equipe econômica é que, passada a crise na Europa e nos EUA, em três ou quatro anos, essas regiões voltarão ao mercado internacional mais fortes do que nunca e com produtos muito mais baratos que os brasileiros — sobretudo para disputar um futuro mercado de 800 milhões de consumidores na China. Se é preciso trabalhar duro para enfrentar tal realidade, os técnicos reconhecem que muito do que já foi feito trará resultados.

“Estamos no fim da transição e as mudanças que foram adotadas ainda vão produzir efeitos em 2013”, assinalou um observador com fácil trânsito no Planalto. Para ele, a agenda continuará dominada por desoneração de tributos, barateamento do crédito e desburocratização do Estado. “Sempre há coisas por fazer”, disse.

No balanço do governo, as medidas mais importantes de 2012 foram a “correção do câmbio” e a queda dos juros básicos (Selic), indicadores considerados inadequados se comparados a outras economias. Técnicos da equipe econômica, porém, entendem que essas alterações serviram apenas para dar algum tempo para que mudanças estruturais mais profundas possam ser realizadas.

Reintegra e IPI

“Mesmo considerando algumas revisões no crescimento para o próximo ano, há consenso, inclusive entre os empresários, de que 2013 será melhor”, ponderou o técnico. Até o fim do ano, ou no início de 2013, o Planalto e a Fazenda devem anunciar uma Medida Provisória para estimular o crédito e o investimento.

A equipe do ministro Guido Mantega estuda ainda a possibilidade de renovar o programa Reintegra, que permite aos exportadores abater parte do pagamento de impostos, e se será necessário estender ou não o desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre carros e eletrodomésticos, que vence no fim do ano.