Título: Mais de 60 PMs ligados ao tráfico presos no Rio
Autor: Mariz, Renata; Luiz Edson
Fonte: Correio Braziliense, 05/12/2012, Brasil, p. 8

Ingrediente perverso da violência que marca as comunidades pobres do Rio de Janeiro há décadas, a corrupção policial levou à prisão, ontem, 61 integrantes da Polícia Militar do estado. Eles são acusados de permitir o tráfico de drogas em 13 favelas da Baixada Fluminense chefiadas pelo Comando Vermelho em troca de propina. O arrego, como é chamado o suborno na gíria dos morros cariocas, chegava a R$ 2,5 mil por turno para cada viatura. Mas a lista de crimes cometidos pelos homens fardados inclui sequestro de bandidos e seus parentes, apreensão de veículos de traficantes com exigência de dinheiro para devolução, negociação de armas e operações oficiais em represália a algum atraso no pagamento dos achaques. Onze traficantes também foram presos.

Batizada de Operação Purificação, a ação coordenada pela Polícia Federal (PF), Secretaria de Segurança Pública e Polícia Militar do Rio, além do Ministério Público (MP), tinha 18 mandados de prisão contra traficantes e 65 contra policiais para cumprir. Nas buscas, dois PMs que não estavam na lista foram presos em flagrante. Com um deles foi encontrada uma pistola com numeração raspada, enquanto o outro foi preso em casa, onde guardava munição de fuzil. Todos os PMs envolvidos eram lotados no 15º Batalhão da corporação, em Duque de Caxias, à época do início das investigações. O comandante da unidade, coronel Claudio de Lucas Lima, foi afastado ontem.

O secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, prometeu rigor com os corruptos. “Nosso problema é do bem contra o mal. Esses PMs serão expulsos da corporação”, assegurou o secretário. O delegado Fabio Andrade, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, aposta na função pedagógica da ação: “Não há mais tolerância para policiais corruptos”, disse.

Iniciadas há um ano, as investigações que resultaram na Operação Purificação revelaram que, no núcleo do tráfico, está Carlos Braz Vitor da Silva, conhecido como Paizão ou Fiote. Ele é chefe do Comando Vermelho nas favelas de Caxias e, de acordo com investigações, mesmo preso no Complexo de Bangu, mantém frequentes contatos telefônicos com seus subordinados e continua dando ordens sobre a rotina do tráfico. Silva era responsável, por exemplo, por decidir sobre os valores a serem pagos no “arrego”.