Título: Mantega pede que IBGE revise pibinho
Autor: Hessel, Rosana
Fonte: Correio Braziliense, 05/12/2012, Economia, p. 11

Depois da decepção com a alta de apenas 0,6% no terceiro trimestre, ministro prevê elevação de 0,8% nos últimos três meses do ano

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que pediu informalmente ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que refaça o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, divulgados na última sexta-feira, que apontou uma expansão de apenas 0,6% — metade do que o governo previa. Ele afirmou que ficou surpreso com o crescimento de 0,1% nos setores de Saúde e Educação. "É um número estranho. Chequei dados do governo federal. Saúde e Educação só sobem, até por lei. O governo é obrigado a aumentar o gasto nessas áreas, e pedi para revisarem esses dados", afirmou. Procurado, o IBGE não retornou as ligações até o fechamento desta edição.

Mantega, que viu aumentarem as pressões contra ele depois da divulgação de mais um "pibinho", voltou a demostrar otimismo em relação à recuperação da economia. Em depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, previu que, no quarto trimestre, o PIB deve ter alta de 0,8%. Curiosamente, dessa vez a estimativa é pior do que a aposta de 1,3% do Credit Suisse, uma das poucas instituições que anteciparam o crescimento pífio do país neste ano, previsão que, na época, foi tratada como "piada" pelo ministro. "É indubitável a aceleração, talvez não no ritmo que nós desejamos, mas ela (a atividade) vai voltar a subir no quarto trimestre", assegurou. Para 2013, o governo continuará perseguindo a meta de 4%.

Mantega disse aos senadores que o maior desafio do governo era fazer a indústria voltar a crescer, o que acabou ocorrendo no terceiro trimestre, quando o setor teve expansão de 1,1%. Ele reconheceu, porém, que muitas das medidas adotadas para amenizar o impacto da crise global no país ainda não surtiram efeito, e afirmou que a taxa de câmbio será mais competitiva, sem explicitar qual a cotação buscada pelo governo para o dólar.

Segundo Mantega, é preciso aumentar os investimentos, principalmente em infraestrutura. "Essa é uma área carente que precisamos melhorar", admitiu, destacando os programas de parceria com o setor privado para ferrovias, rodovias, aeroportos e portos. Além disso, outras mudanças estão a caminho, como a modernização do PIS e da Cofins. "Temos que avançar na questão fiscal", disse.

ICMS O ministro foi à CAE para explicar aos senadores a proposta de unificação das alíquotas do ICMS nas operações interestaduais e a troca do indexador da dívida dos estados com a União. A Fazenda propôs, no mês passado, aos governadores que o imposto seja reduzido para 4% em até oito anos. Atualmente, há duas alíquotas: 12% aplicadas pelos estados do Norte, do Nordeste e do Centro Oeste; e 7% pelas demais unidades da Federação. Haveria compensações pela redução do imposto.

Para o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), a proposta aumenta o endividamento dos estados. No debate, não houve acordo quanto à troca do indexador da dívida, atualmente o IGP-DI.

» Gasolina não sobe agora

O ministro da Fazenda desmentiu os boatos de que poderia haver um aumento de 10% nos combustíveis nas bombas ainda esta semana. "Não procede a informação. Não haverá nenhum aumento no preço da gasolina. A Petrobras não me disse nada. Eu sou presidente do Conselho (de Administração da estatal). Se ela não me informar, não tem aumento", sentenciou Mantega, negando os rumores que circularan ontem no mercado financeiro.