Título: As lojas de roupas do número 2 da AGU
Autor: Colares, Juliana; Luiz, Edson
Fonte: Correio Braziliense, 01/12/2012, Política, p. 4

Inquérito da Polícia Federal revela que empresa familiar de José Weber foi utilizada para contatos, em Brasília, com chefe do grupo investigado

Personagens citados na Operação Porto Seguro sob suspeita de receber dinheiro de forma ilegal terão bens e imóveis devassados pela Polícia Federal. Acusado de participação no esquema de pareceres técnicos fraudulentos e alvo de investigação da Controladoria-Geral da União (CGU), que apontou, ainda em 2008, patrimônio incompatível com a renda de servidor público, o ex-advogado geral adjunto da União José Weber Holanda Alves é um dos nomes que devem entrar na lista de investigados. Além de uma casa no Lago Sul, os policiais identificaram que Weber é sócio de loja de roupas femininas. Um dos trechos do inquérito revela que o telefone da empresa foi usado pelo ex-número dois da AGU para contactar o ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Vieira, considerado um dos chefes da quadrilha. Encontros também foram marcados no shopping onde funciona a filial do empreedimento.

José Weber Holanda Alves é sócio da FAW Modas Comércio Varejista de Vestuário e Acessórios Ltda. Com o nome fantasia Manotropo por FAW, a matriz funciona em um centro comercial do Lago Sul. A filial, em um shopping localizado no Setor Comercial Norte. A empresa é familiar. Os demais sócios são a mulher dele, que é chefe de divisão do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), e pelo filho dela, um médico residente em endocrinologia no Hospital de Base, que entrou na sociedade como gerente. Weber recebe R$ 26.158,61 na AGU e a mulher, R$ 23.557,25, no Ipea.

A FAW Modas é uma microempresa. Foi aberta em junho de 2004, com R$ 60 mil de capital, sendo R$ 24 mil de Weber, R$ 24 mil do hoje médico e R$ 12 mil da mulher do advogado. Todas as roupas vendidas nas lojas são da marca Manotropo, que tem sede no Ceará. Ao Correio, uma das responsáveis pela fábrica cearense, Silvana Cavalcante Coelho, afirmou que as lojas de Brasília não são franquias da empresa. De acordo com ela, a FAW compra as roupas da Manotropo e recebe autorização para usar o nome da marca sem pagar qualquer valor adicional por isso. A FAW funcionaria como revendedora em Brasília, sem vínculo formal com a empresa do Ceará. Silvana informou que começou a vender as roupas para a família após ser procurada pela mulher de Weber, que teria dito querer diversificar os negócios e colocar o filho à frente da empresa.